Diante de ameaça de Trump, Kamala convoca EUA à lealdade com Constituição
Num discurso em Washington um dia depois da eleição e em sua primeira aparição após perder para Donald Trump, Kamala Harris afirmou que vai trabalhar por uma transição pacífica de poder e pediu que seus apoiadores aceitem os resultados das urnas. Mas mandou um recado velado, pedindo que os americanos mantenham sua lealdade à Constituição, e não a um presidente.
A mensagem é dada em um momento em que Trump pode acumular poder no Executivo, Senado e Câmara de Deputados, depois de fazer ameaças e insinuar tendências autoritárias.
A democrata afirmou reconhecer a derrota na eleição, mas garantiu que jamais vai abandonar a luta pela liberdade e pela democracia, pelo combate à pobreza e a "ideia sagrada de que temos direitos e liberdades que precisam ser respeitadas".
Ela afirmou saber que "muitos sentem que estão entrando num período escuro", numa outra referência às ameaças democráticas.
"Sei que as pessoas estão sentindo e vivenciando uma série de emoções neste momento. Eu entendo isso. Mas precisamos aceitar os resultados dessa eleição", disse.
A um público majoritariamente formado por jovens, ela destacou que "às vezes, a luta demora um pouco". "Isso não significa que não venceremos", disse ela a uma multidão na Howard University. "Nunca desistam."
Este não é um momento para levantar as mãos. Este é o momento de arregaçar as mangas. Este é o momento de nos organizarmos, nos mobilizarmos e nos mantermos engajados em prol da liberdade, da justiça e do futuro que todos sabemos que podemos construir juntos
Kamala Harris
Transição pacífica de poder
A democrata, durante a campanha eleitoral, usou termos fortes para descrever Trump, indicando até mesmo que ele seria um "fascista". Nesta quarta-feira (6), porém, ela ligou para o vencedor nas urnas para parabenizá-lo e garantir que vai trabalhar por uma transição pacífica de poder. Em 2020, ao ser derrotado, o republicano se recusou a colaborar no processo de transição para o governo de Joe Biden e insistiu em denunciar uma fraude na eleição.
Kamala, desta vez, admitiu que o resultado "não era o que queríamos, o que votamos".
Temos de aceitar o resultado da eleição. Falei com o presidente eleito Trump e disse que vamos ajudá-lo na transição e que faremos uma transferência pacífica de poder. Um ponto fundamental da eleição nos EUA é que, quando perdemos, aceitamos. Isso é o que nos distingue de tiranias a monarquia
Kamala Harris
Segundo ela, a "lealdade não é a um partido ou presidente, mas à Constituição". Sua fala foi vista como um recado claro tanto para as forças políticas quanto aos jovens americanos. Em 2020, Trump nem reconheceu a derrota e nem esteve presente na transição de poder.
Kamala entrou no palco sob o som da trilha sonora que embalou sua campanha: "Freedom, freedom" (liberdade, liberdade), numa tentativa de recuperar o termo de um sequestro da extrema direita.
Ela ainda agradeceu o presidente Joe Biden e sua equipe, e insistiu que os jovens continuem lutando.
"Continuaremos a travar essa luta na cabine de votação, nos tribunais e na praça pública. E também a travaremos de maneiras mais silenciosas - na forma como vivemos nossas vidas, tratando uns aos outros com gentileza e respeito; olhando no rosto de um estranho e vendo um vizinho; sempre usando nossa força para elevar as pessoas, para lutar pela dignidade que todas as pessoas merecem", disse.
Newsletter
JAMIL CHADE
Todo sábado, Jamil escreve sobre temas sociais para uma personalidade com base em sua carreira de correspondente.
Quero receber"A luta por nossa liberdade exigirá muito trabalho. E a luta por nosso país sempre vale a pena", completou.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.