Jeferson Tenório

Jeferson Tenório

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Vini Jr é o melhor, mas Bola de Ouro preferiu premiar o racismo

O Real Madrid e Vinícius Junior agiram com dignidade ao não comparecerem em um evento que escancarou o racismo ao não premiar o que todo mundo já sabia: Vinicius Jr. é o melhor jogador do mundo na atualidade.

Além de fazer a diferença em campo, marcar gols em quase todos os jogos, dar assistências precisas com o Real Madrid, Vini conquistou a Liga dos Campeões, a La Liga e a Supercopa da Espanha.

Ao premiar outro jogador de menor desempenho, a cerimônia do Bola de Ouro demonstrou que o ativismo do jogador não é bem visto por dirigentes e torcedores.

Para quem não lembra, Vini Jr foi alvo de ataques racistas nos campos e fora dele. Desde então, o jogador tem dado aulas na luta antirracista. Não se calou diante das violências que sofreu e, após a condenação de torcedores, se definiu como um "algoz de racista".

Mesmo tendo de ir contra o pensamento comum de não falar sobre racismo, o jogador deu exemplo de como se combate o preconceito.

O caso de Vini Jr. é feito de eventos absurdos. Tempos atrás, o próprio presidente da liga espanhola acusou Vini Jr. de manchar a imagem do Real Madrid. Em outras palavras, o que ele estava dizendo é o seguinte: "olha, se você foi chamado de macaco pelo estádio inteiro, se penduraram um boneco enforcado com o número da sua camisa, fique quieto, sua reclamação pode atrapalhar o nosso campeonato".

Este tipo de argumento é a evidência mais cristalina de que a manutenção do racismo é um projeto, fruto de uma ideologia e de uma herança colonialista muito mal resolvida.

A premiação do Bola de Ouro deu um recado bem claro: não toleram jogadores políticos que lutam por igualdade. É um recado de que o futebol não quer se envolver em questões sociais e prefere abraçar o racismo sem nenhum constrangimento.

Rodri, que levou o troféu de melhor do mundo, é um bom jogador, não há dúvidas. Mas diante do contexto, se eu estivesse em seu lugar, teria recusado o prêmio. Pois é nítido que a premiação é uma retaliação escancarada à postura de Vini contra o racismo.

Continua após a publicidade

Em suas redes sociais, Vini Jr. escreveu "Eu farei 10x se for preciso. Eles não estão preparados".

E, de fato, não estão preparados. O mundo do futebol se acostumou e naturalizou o racismo. A luta contra o preconceito passa pela repetição, pela persistência e pelo engajamento de brancos e negros.

Vini Jr. não levou a Bola de Ouro, mas é um vencedor no direito de existir com respeito e dignidade.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes