Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lula não vai fazer o que diz, Bolsonaro vai
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Com todo respeito a quem pensa o contrário, Lula não irá fazer o que diz.
O rascunho inicial do programa do PT (campanha Lula) é mais à esquerda do que Lula será, por motivo eleitoral. Apelo das urnas.
Lula não fará exatamente isso, só parte.
Primeiro, porque Lula é ambíguo e tem por natureza o temperamento de Macunaíma, como assinalamos várias vezes. Não vai mudar. Está avançado em idade.
Segundo, pois, por constituição, adora negociar, ser o poder moderador do processo, com jeito. Negociação pressupõe concessão, ceder. E, Lula cede, um tanto para compor. Gosta.
Lula curte ser o "cabeceira" da mesa tripartite.
Terceiro, por questão lógica, e agora não de temperamento, Lula sabe que o conjunto de forças da sociedade brasileira, não se adequa àquele programa, integralmente.
Ele precisa conceder ao centro e até à centro-direita, para governar.
Logo, Lula não fará o que está dizendo no programa. Este, é uma peça de campanha.
Um texto teatral.
Já, Bolsonaro vai. Vai fazer tudo o que está dizendo.
Vai contestar o resultado da eleição, vai tentar mobilizar parte do Exército com a fantasia do "comunismo" inimigo, vai criar conflito pós-eleitoral, porque não irá ganhar.
Bolsonaro vai desafiar TSE e STF, se possível, instigará ações de malucos, para poder ir atrás. Necessita do "start".
Bolsonaro faz um discurso sempre para o mesmo público. Não consegue agregar.
Este público é ruidoso, por isso aparenta ser maior do que é. Tem 25% do eleitorado, quando muito, os outros eleitores da intenção de voto de Bolsonaro são eleitores que detestam Lula, e mais conservadores em costumes. Não tanto como Bolsonaro e gabinete do ódio.
Muita gente na sociedade: empresários que o apoiam, parte do mercado financeiro, procuram se convencer que não haverá problema institucional. Que haverá turbulência, sem quebra das normas legais. Discordo, algo vai ter. E, é bom que saibam, numa hipótese aloprada, de Bolsonaro vencer, ele não vai seguir agenda Guedes, e liberalizar a economia. Bolsonaro sempre será ele, mais autoritário ainda, menos liberal e mais intervencionista, porque isso constitui seu âmago militar nacional desenvolvimentista centralizador autocrático.
Golpe não ocorrerá, porque falta apoio da maioria das Forças Armadas e as instituições repeliriam fortemente, e a parte da sociedade que recusa o golpe é bem maior do que a que o apoia, apesar dessa estar crescendo, mas não chega à metade dos que repelem.
Suceder-se-á uma imensa confusão, após Lula vencer, conflitos, brigas de rua, inclusive, e o futuro a Deus pertence.
Imagino que ao final, tudo volta ao normal, com as cicatrizes que esses conflitos deixarão. Postergando a retomada.
Impedindo que o próximo governo comece a trabalhar naturalmente, logo em Janeiro,
Retardando as ações de mudança e impondo ao governo uma ação de saneamento que paralisará a máquina pública, ou atrasará ações conforme o setor.
Teremos uma oposição disposta a tudo, na quadra seguinte, inclusive tentar solapar inconstitucionalmente o governo. Fomentando embates e divergências. Como vai se justificar a turma que defende as enquetes manipuladas e confronta as pesquisas? Vão necessitar suscitar alguma comoção.
O pessoal que embarcou na aventura insana de apoiar Bolsonaro e criar narrativas para os atos dele, vai ter que descer do bonde ou radicalizar. Isso leva tempo para acomodar.
Lula não vai fazer o que diz.
Bolsonaro vai.
Teremos tumulto adiante a administrar.
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