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É preciso rever concessão de água para irrigação, destaca pesquisadora

Com as mudanças nos padrões de chuvas e as mudanças climáticas, é preciso rever a quantidade de água cedida para irrigação, avalia Minella Martins, pós-doutoranda do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e x, em entrevista ao Análise da Notícia desta quarta-feira (30).

O estudo indica que a área conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), considerada uma das fronteiras agrícolas que mais cresce no Brasil, pode ficar sem água nos próximos anos. Como resultado, entre 30% e 40% da demanda por irrigação em terras agricultáveis pode não ser atendida.

As retiradas de água em qualquer região do Brasil são feitas por meio de uma concessão que a gente chama de outorga. Essas outorgas são medidas ou quantificadas baseadas numa série histórica de vazão. Então, um dos primeiros passos é rever esses valores que são concedidos, as quantidades que são concedidas, justamente porque a gente já observa mudanças nos padrões de chuva nos últimos anos, o que pode ter implicado também na redução da disponibilidade de água nessa bacia. Então, esse é um primeiro ponto.

Mas o monitoramento de poços de captação subterrânea é outro ponto importante, além da fiscalização de mudanças do uso do solo. Se a gente pensar que quando você muda a cobertura vegetal, você acaba prejudicando a recarga dos aquíferos. Então, é outra questão bastante importante, além da adoção de medidas mais eficientes de uso de água pela agricultura. É um fator importante a adoção de agricultura de precisão. A gente já vê alguns agricultores utilizando, sendo mais eficientes. Mas isso tem que ser uma medida mais generalizada para que a gente veja um efeito mais expressivo.
Minella Martins

Segundo alguns dos cenários projetados pelo trabalho de Minella, em 2040, a fronteira agrícola da região pode ficar estagnada.

O que a gente viu para 2040 é que há possibilidade de haver uma estagnação da expansão das terras agrícolas irrigadas, justamente porque vai começar a haver comprometimento no atendimento da irrigação. Além disso, outros dois fatores muito importantes são a questão da vazão dos rios e também o fluxo de base, que é basicamente a vazão que vem do aquífero. Esse fluxo de base é muito importante porque no período da seca o que mantém a vazão dos rios é o fluxo de base. Nós observamos que pode haver uma redução de 15% na vazão superficial e de 13% na vazão de base até 2040.
Minella Martins

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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