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Josias de Souza

Abraham Weintraub injetou ideologia no vexame

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

24/01/2020 20h16

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Estava demorando. A encrenca iniciada com o erro na correção das notas do "melhor Enem de todos so tempos" já durava uma semana e Abraham Weintraub, o ministro 'imprecionante', ainda não havia apertado o botão ideológico. Nesta sexta-feira, o chefe do MEC voltou ao seu estado (a)normal. Enfiou ideologia dentro do vexame.

Estudantes postaram nas redes sociais uma reclamação: candidatos que obtiveram notas altas no Enem estão ocupando as vagas nas duas opções de curso que registram no Sisu. Em anos anteriores, o sistema eliminava a segunda opção sempre que os alunos asseguravam vaga no curso escolhido na primeira opção.

Como os alunos farão apenas um curso, a duplicidade eleva artificialmente a média de pontos exigida no preenchimento das vagas inflacionadas com as segundas opções que deixaram de ser excluídas.

Em resposta, Weintraub veiculou um vídeo nas redes sociais. Não respondeu às dúvidas dos internautas. E ainda ofendeu a clientela do MEC. "A gente vê inclusive que, muitas reclamações que estão sendo feitas, quando você entra no perfil da pessoa, você vai ver que é vinculada a um partido radical de esquerda, que a pessoa gosta de certos indivíduos que gostam de colocar terror nas pessoas", disse Weintraub. "Não se levem por gente que quer causar o mal de vocês..."

Dois perfis monopolizaram as atenções nas postagens sobre o problema observado nas opções de cursos do Sisu. Um no Instragram, outro no Twitter. Não há nos dois endereços eletrônicos vestígio de menções a partidos ou movimentos de esquerda.

Weintraub ainda não se deu conta. Mas a ideologia é o caminho mais longo entre um serviço público e sua realização. Enquanto o ministro desperdiçava o seu tempo, o Ministério Público Federal protocolava na Justiça um pedido de suspensão das inscrições no Sisu. Alega-se a necessidade de fazer nova checagem nas notas do Enem.

O MEC sustenta que os erros afetaram 5.974 estudantes, cujas notas já foram revisadas. Mas há outros 172 mil pedidos de revisão feitos por candidatos que se consideram prejudicados. A resolução desse tipo de problema exige trabalho e transparência, não lero-lero ideológico.