'Guerra' com a China faz de Bolsonaro anti-imperador
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Ao abrir uma guerra desnecessária com a China, o deputado Eduardo Bolsonaro transformo seu pai numa versão pós-moderna de um personagem muito conhecido, só que às avessas. Jair Bolsonaro tornou-se diante da China um anti-imperador, uma espécie de Napoleão que é obrigado a se descoroar publicamente.
Depois da crise provocada pelo disparo feito pelo Zero Três a partir da plataforma de lançamento do Twitter, o telefonema em que Bolsonaro conversou com o presidente chinês Xi Jinping teve o efeito de uma caída de ficha. Ironicamente, a conversa foi testemunhada pelo antichanceler Ernesto Araújo. O mesmo que na semana passada exigia um pedido de desculpas da embaixada da China em Brasília por ter respondido rispidamente ao ataque de Eduardo Bolsonaro.
Hoje, o Brasil precisa da China para respirar. Literalmente, porque o Ministério da Saúde considera indispensáveis as máscaras e os respiradores para UTI que o governo chinês se dispõe a enviar para o Brasil. Metaforicamente, porque o agronegócio e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tratam os negócios com a China como vitais para atenuar o tombo que o PIB brasileiro sofrerá em 2020.
A única coisa que a manifestação de Eduardo Bolsonaro conseguiu produzir foi constrangimento. Divulgou-se que partiu do presidente chinês a iniciativa do contato. Conversa mole. Bolsonaro havia telefonado na semana passada. Não foi atendido prontamente. Foi mantido na geladeira por uma semana. Com sua capacidade inesgotável de criar problemas para si mesma, a família Bolsonaro conseguiu dar a um simples telefonema uma aparência de Waterloo.
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