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Josias de Souza

Decreto que libera igrejas é um descuido de Deus

Isac Nóbrega/PR
Imagem: Isac Nóbrega/PR

Colunista do UOL

26/03/2020 19h29

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Deus, como se sabe, está em toda parte. Mas é evidente que o Todo-Poderoso cometeu um descuido. Estava ocupado com alguma outra coisa quando Jair Bolsonaro assinou o decreto que classificou as atividades religiosas como essenciais, que não podem ser interrompidas durante a guerra contra o coronavírus.

A concessão de salvo-conduto presidencial para que igrejas de todas as denominações continuem promovendo aglomerações como se não houvesse vírus é uma má notícia em si. O Ministério da Saúde elevou o risco ao registrar em sua contabilidade sobre a evolução do vírus um pico de mortes e contágios num único dia.

Bolsonaro insinuou, numa entrevista, que governadores fecham lojas, shoppings e igrejas não por razões sanitárias, mas por motivos eleitorais. Disse que as igrejas são o "último refúgio das pessoas".

Ora, o que se deseja é justamente evitar que as igrejas se convertam em "último refúgio" antes do vírus. O fechamento dos templos visa assegurar a volta dos fiéis aos templos, saudáveis, depois que a pandemia passar.

Bolsonaro cede à pressão de pastores no pressuposto de que será aplaudido pelo eleitorado evangélico. O capitão pode estar ofendendo a inteligência alheia.

Um fiel não precisa comparecer à igreja para exercitar sua religiosidade. Pode acompanhar cultos e missas pela internet. Pode orar e rezar em casa. Preservando-se, rende homenagens à vida e, em consequência, a Deus.