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Josias de Souza

Generais sofrem um processo de 'bolsonarização'

Colunista do UOL

02/06/2020 14h09

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Segundo a superstição que vigorou no início do atual governo, os generais convocados para comandar escrivaninhas no Planalto e nos arredores, oficiais altamente qualificados, atuariam como moderadores de Jair Bolsonaro, um capitão de comportamento explosivo. Aconteceu o oposto. Infectados pelos excessos do chefe, os generais sofrem um inusitado processo de "bolsonarização". (Veja comentário no vídeo)

O marechal Castello Branco cunhou em agosto de 1964, nos primórdios da ditadura militar, a expressão "vivandeiras de quartel." Vivandeira é a mulher que acompanha tropas em marcha, servindo alimentos e bebidas à soldadesca. E o marechal usou o termo para se referir aos políticos civis que rondavam os quarteis, bajulando a oficialidade.

"Eu os identifico a todos", disse Castello Branco. "São, muitos deles, os mesmos que, desde 1930, como vivandeiras alvoroçadas, vêm aos bivaques (acampamento de tropas) bulir com os granadeiros (soldados da infantaria) e provocar extravagâncias ao Poder Militar."

Sob Jair Bolsonaro surgiram personagens novos: são as vivandeiras de farda. Chegam ao palácio com ares de moderação e, subitamente, passam a bulir com o capitão, estimulando as extravagâncias do governo civil mais militar da história.