Fundeb melhorou porque o governo foi derrotado
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Sob Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação amou o caos durante um ano e meio. E foi correspondido. Na estratégica votação em que a Câmara renovou e aperfeiçoou o Fundeb, fundo de financiamento do ensino básico, o governo fez o papel do jogador que levanta da mesa de pôquer sem dinheiro para o táxi. Perdeu todas as apostas. O Fundeb melhorou porque o governo fracassou nas suas tentativas de piorá-lo.
A emenda constitucional aprovada pela Câmara torna o Fundeb permanente e eleva de 10% para 23% a fatia da União no fundo. O governo quis adiar as novas regras para 2022. Perdeu. Tentou transferir 5% do fundo para um novo Bolsa Família, a ser criado. Não colou. Conseguiu destinar 5% para o ensino infantil. Mas teve de pingar 3% a mais no cesto. Propôs que a verba do salário dos professores pagasse aposentadorias. Foi ignorado.
Líder do centrão e novo herói da resistência de Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP-AL) tentou adiar a sessão. Foi avisado pela sua tropa de que, entre a Educação e Bolsonaro, ficariam com as verbas que o Fundeb envia para as prefeituras dos municípios onde estão os votos. Bolsonaro aprendeu que a maneira mais rápida de acabar com a guerra ideológica na Educação é perdê-la. E a derrota foi feia. Votaram a favor de Bolsonaro, contra o Fundeb, apenas sete deputados.
Ironicamente, o pedaço do governo que entrou com a cara na surra da Câmara foi o Ministério da Economia. Coube à pasta chefiada por Paulo Guedes realizar as manobras que os deputados desmontaram. Empossado na semana passada, o novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, virou um figurante com Covid-19.
O antecessor Abraham Weintraub, enviado para um exílio dourado nos Estados Unidos, estava tão ocupado em travar sua guerra cultural que não teve tempo de cuidar da Educação. O novo Fundeb passou pela janela e só Weintraub não viu. Sorte do Brasil. A ausência do ex-ministro nos debates preencheu todas as lacunas.
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