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Josias de Souza

Piada de Bolsonaro sobre vacina destoa de campanha de vacinação do governo

Colunista do UOL

26/10/2020 05h26

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Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde frequentaram as redes sociais no final de semana em posições antagônicas. A pasta supostamente comandada pelo general Eduardo Pazuello fez campanha pela atualização da caderneta de vacinação de crianças e adolescentes menores de 15 anos. O presidente, autoconvertido em garoto-propaganda da liberdade de infectar —fez piada.

Termina na sexta-feira (30) a campanha iniciada em 5 de outubro para alertar os pais sobre a necessidade de vacinar seus filhos contra a poliomielite e outras doenças. "Você sabia que o Brasil tem o maior programa de vacinação do mundo?", pergunta um garoto no vídeo postado pelo ministério. "São vacinas que nos protegem e nos fazem crescer fortes e saudáveis", declara uma menina.

"Vacina obrigatória só aqui no Faísca", gracejou Bolsonaro na legenda que postou ao lado de uma foto em que faz sinal de positivo na companhia do cachorro da primeira-dama Michelle. O presidente contradiz a si mesmo, pois sancionou em fevereiro uma lei que prevê a "vacinação compulsória" para o "enfrentamento de emergência de saúde pública de importância internacional".

Embora o alvo de Bolsonaro seja a vacina contra o coronavírus, ainda em fase de teste, ele não fez distinção no Twitter. Quem lê o presidente fica com receio de que sua pregação prejudique o esforço da Saúde, que trata as vacinas não como uma obrigação, mas como um direito dos brasileiros.

"Muitas doenças deixaram de ser um problema de saúde pública no Brasil e no mundo graças à vacinação massiva da população", escreve o Ministério da Saúde na página do Movimento Vacina Brasil, disponível no seu site. "Atualmente, o Programa Nacional de Imunizações oferece 18 vacinas para a vacinação de crianças e adolescentes, que protegem de doenças, como sarampo, febre amarela, rubéola, caxumba, hepatites A e B, entre outras."

Na semana passada, o ministro Pazuello foi desautorizado por Bolsonaro após anunciar que o governo compraria 46 milhões de doses da CoronaVac, a vacina contra Covid-19 que está sendo testada no Brasil pelo Instituto Butantan. "Não vamos comprar", desmentiu o presidente, referindo-se ao imunizante como "vacina chinesa do João Doria".