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Josias de Souza

PF abre inquérito para apurar suspeita de omissão de Pazuello no Amazonas

 GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: GABRIELA BILó/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

29/01/2021 18h42

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A Polícia Federal abriu nesta sexta-feira inquérito contra o ministro Eduardo Pazuello (Saúde). Será investigado por suspeita de omissão no caos sanitário do Amazonas. Pacientes da Covid-19 morreram em hospitais e postos de saúde por falta de oxigênio.

A investigação nasceu de um pedido do partido Cidadania ao procurador-geral da República Augusto Aras. Pressionado por subprocuradores-gerais que integram o Conselho Superior do Ministério Público, Aras encaminhou o pedido ao Supremo Tribunal Federal. Coube ao ministro Ricardo Lewandowski ordenar a abertura do inquérito.

Nos próximos dias, Pazuello será intimado a depor. Como ministro, poderá escolher a hora e o local em que deseja ser interrogado. Em apuração preliminar, a Procuradoria puxou o fio de um novelo que começou a ser enrolado na semana do último Natal. Registrou-se na época um salto no número de internações por Covid em Manaus.

Informado a respeito, o ministro só enviou uma missão à cidade em janeiro. Os emissários detectaram o risco de um colapso no sistema de saúde da capital amazonense. Coisa para dali a 10 dias, entre 11 e 15 de janeiro. Atribuiu-se o flagelo ao relaxamento das regras de distanciamento durante as festividades natalinas e do final do ano.

O próprio Ministério da Saúde foi informado em 8 de janeiro sobre a iminente falta de oxigênio medicinal em Manaus. O alerta foi feito pela empresa White Martins, fabricante do produto. Sob o comando de Pazuello, o governo só começou a enviar cilindros de oxigênio para Manaus em 12 de janeiro. Recomendava-se desde o dia 6 a transferência dos pacientes graves para outros estados. A migração dos primeiros doentes começou apenas dez dias depois.

Houve mais: em 14 de janeiro, já municiado de dados sobre a escassez de oxigênio em Manaus, o ministério de Pazuello entregou 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina. Aras anotou na petição enviada ao Supremo o seguinte: "A distribuição de cloroquina foi iniciada em março de 2020, inclusive com orientações para o tratamento precoce da doença, todavia sem indicar quais os documentos técnicos serviram de base à orientação".

Além do inquérito criminal aberto na PF, Pazuello é investigado pela Procuradoria da República num processo sobre improbidade administrativa que corre em Manaus. Foi intimado também pelo Tribunal de Contas da União para explicar por que despejou verba pública na produção e distribuição de hidroxicloroquina, remédio sem serventia no combate à Covid.