Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Lava Jato não teve morte natural, foi assassinada
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Morreu a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. O velório está sendo realizado no Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, para onde foram enviadas as investigações remanescentes. Não foi uma morte natural. A maior operação de combate à corrupção da história foi assassinada. A emboscada vinha sendo planejada desde 2016, quando a voz do então senador Romero Jucá soou numa gravação falando de um pacto oligárquico para "estancar a sangria". Um pacto "com o Supremo, com tudo", dizia Jucá.
Todo mundo continua sendo a favor do combate à corrupção. Os fatos é que conspiram contra as boas intenções. A Lava Jato foi sacrificada contra um pano de fundo em que se misturam a imagem rachadinha da família presidencial, a falta de vocação do procurador-geral da República para procurar, o vozerio da Vazajato, a conversão de corruptos em heróis da resistência no Congresso Nacional... Tudo isso e mais o déficit de supremacia do Supremo Tribunal Federal.
Ao extinguir a prisão em segunda instância, o Supremo restabeleceu o cenário em que a concretização da justiça é um momento situado no infinito. Com a perspectiva de recorrer em liberdade até a prescrição dos crimes, escassearam os delatores. A celas começaram a se abrir no momento em que aguardavam na fila por uma sentença personagens como Aécio Neves, José Serra, Michel Temer, Arthur Lira, amigos de determinadas togas. E sonhavam com a reconquista da liberdade condenados como Lula e José Dirceu, amigos de outras togas. Quem estava solto relaxou. Quem estava preso se livrou.
Os cavaleiros da velha ordem estão de volta. Movem-se com desenvoltura incomum. É como se desejassem tirar o atraso. Restaurou-se o toma lá, dá cá. O centrão, agora no comando da Câmara, voltou a reivindicar o controle de cofres de repartições federais.
Lula, símbolo do êxito da Lava Jato, está na bica de festejar a lavagem de sua ficha suja na Segunda Turma do Supremo, com um voto de desempate do ministro Nunes Marques, enviado à Corte por Bolsonaro.
O julgamento do pedido de suspeição de Sergio Moro será o último prego no caixão da Lava Jato. A morte da operação demonstra que tudo muda no Brasil, exceto a corrupção, que continua.
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