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Guedes bate na China e enaltece alemães-turcos como se fossem dos EUA
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O cérebro de Paulo Guedes começa a funcionar na hora em que ele acorda e não para até o instante em que ele pensa na China. Com os chineses na cabeça, a língua do ministro da Economia perde o contato com seus neurônios. Foi num desses momentos que o doutor, reunido no Conselho de Saúde Suplementar com os colegas Marcelo Queiroga (Saúde) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), teve uma pane mental.
"O chinês que inventou o vírus", disse Paulo Guedes, sem saber que estava sendo filmado e levado ao ar pela internet. "E a vacina dele é menos efetiva do que a americana. O americano tem 100 anos de investimento em pesquisa. Então, os caras falam: 'Qual é o vírus? É esse? Está bom, decodifica'. Está aqui a vacina da Pfizer. É melhor do que as outras."
A fala de Guedes não faz nexo. Supondo-se que desejasse enaltecer a eficiência da pesquisa científica dos Estados Unidos, escolheu o exemplo errado. A vacina da Pfizer não é uma realização da logomarca americana. Foi desenvolvida pelo laboratório BioNTech, que pertence a um casal de alemães de origem turca.
Repetindo: Desejando afagar os EUA, Guedes enalteceu um laboratório pertencente a alemães-turcos. E deu uma joelhada na China. O ministro revelou-se, de resto, um infectologista de quinta categoria, sem comprovação científica. A tese segunda a qual o vírus seria uma fabricação dos chineses para infectar o mundo não fica em pé.
A Organização Mundial da Saúde averiguou a suspeita. Concluiu que o mais provável é que o coronavírus tenha sido transmitido de um morcego para outro animal. Esse animal, ainda não identificado, teria contaminado o ser humano.
De resto, numa conjuntura em que faltam imunizantes e sobra cloroquina, Guedes já deve ter notado que a melhor vacina é aquela que chega até o braço. A da Pfizer ainda demora a chegar. Bolsonaro retardou a compra. Receava que os vacinados virassem jacaré.
O próprio Guedes tomou duas doses da chinesa Coronavac, distribuída no Brasil pelo Instituto Butantan, vinculado ao governo tucano de João Doria. "Nós somos muito gratos, somos muito gratos à China por ter nos enviado a vacina", diria Guedes horas depois.
O grande erro da humanidade é a conversa fiada não doer. O azar de Paulo Guedes é que os gênios da Pfizer ainda não inventaram uma vacina contra a tolice.
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