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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Queiroga e Doria travam 'bate-boca' eletrônico

Getty Images
Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

04/06/2021 01h19

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A pressão do cardiologista Marcelo Queiroga subiu ao se deparar com um post de João Doria numa rede social. O governador tucano anotou que chegaram 936 mil doses da vacina da Pfizer na quarta-feira. E reclamou: "...Até agora, São Paulo não recebeu nenhuma dose. A resposta do Ministério da Saúde é que hoje (03/06) é feriado." Com a pulsação elevada, Queiroga sentiu cheiro de política. "Pare de palanque", escreveu. "Precisamos unir o Brasil."

Doria não se deu por achado: "Ministro, hoje o Brasil registrou 2 mil mortes. É uma vergonha o senhor achar normal guardar vacina na prateleira porque é feriado." Não houve tréplica.

O bate-boca virtual ocorreu nas pegadas do pronunciamento em que Bolsonaro prometera, em rede nacional de rádio e TV, vacinar até o final do ano todos os brasileiros que desejarem. Foi uma resposta indireta a Doria que, na véspera, havia assegurado que todos os adultos de São Paulo serão vacinados até outubro.

No seu pronunciamento, Bolsonaro celebrou a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios. Absteve-se de lembrar que, por ora, oito em cada dez brasileiros vacinados receberam doses da Coronavac, a "vacina chinesa do Doria".

Foi contra esse pano de fundo infectado que Queiroga reagiu à cobrança de Doria pelo envio da cota a que São Paulo tem direito no lote de vacinas da Pfizer, que chegou ao Brasil pelo aeroporto de Viracopos, em Campinas. A altercação não resolve o problema da carência de vacinas. Mas um bom desentendimento com Doria vale para Queiroga como uma vacina contra os maus bofes do capitão.