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Planalto teme que Moraes mande prender Salles
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Mantido no cargo mesmo depois de se tornar alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal, o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) escalou o topo das preocupações de Bolsonaro e do seu staff palaciano. O Planalto receia que Alexandre de Moraes, relator de um dos processos que correm contra Salles na Suprema Corte, esteja se equipando para afastar o investigado do cargo e expedir contra ele um mandado de prisão preventiva.
Deve-se o temor a um despacho assinado por Alexandre de Moraes nesta sexta-feira (4). Nele, o magistrado pede à Procuradoria-Geral da República que se manifeste em cinco dias sobre a hipótese de impor medidas cautelares a Ricardo Salles. O motivo seria a recusa de Salles de entregar seu aparelho de celular à Polícia Federal durante operação de busca e apreensão realizada há duas semanas.
Moraes agiu após receber "notícia de fato" protocolada no Supremo por uma advogada. No seu despacho, o ministro reproduz as alegações da peça. Anota que, "ao ocultar seu celular e mudar o número de telefone no curso das investigações", Ricardo Salles incorreu, em tese, "em tipos penais e de improbidade administrativa, visando obstruir a aplicação da lei penal e embaraçando a investigação de organização criminosa transnacional."
Neste inquérito, Salles é acusado de favorecer empresas que exportaram madeira ilegalmente para os Estados Unidos. A tentativa de obstruir as investigações pode levar ao seu "afastamento cautelar", seguido de prisão. O que se analisa é a hipótese de "prisão em flagrante", pois o ministro "continua descumprindo a ordem" de entregar o celular, contida no mandado de busca e apreensão.
Além do inquérito relatado por Alexandre de Moraes, um magistrado visto por Bolsonaro como inimigo, Ricardo Salles é investigado em processo conduzido sob a supervisão da ministra Cármen Lúcia. Neste segundo caso, o ministro é acusado de favorecer madeireiras pilhadas na maior apreensão de madeira da história, realizada no Pará.
Auxiliares de Bolsonaro avaliam que ele deveria tomar a iniciativa de afastar Salles. Mas o presidente ainda não esboçou a intenção de substituir o ministro do Meio Ambiente, mesmo que temporariamente, até a conclusão das investigações. Com a entrada da carta da prisão no baralho, o debate renasce.
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