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Lira não é o melhor patrono para reforma do MP
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Depois de dois adiamentos, Arthur Lira, o réu que preside a Câmara, fez as contas e decidiu levar a voto a emenda constitucional que aumenta a influência política do Congresso no Conselho Nacional do Ministério Público. Para prevalecer, Lira precisava dos votos de 308 deputados. Obteve 297. Faltaram 11 míseros votos.
Um derrotado convencional reconheceria que o jogo está jogado. Mas Lira, inconformado com os traidores que fizeram sua conta desandar, ameaça reiniciar a partida. "O jogo só termina quando acaba", disse o derrotado, ao deixar o campo.
Lira declarou que dispõe de "possibilidades regimentais". Avisou que fará uma "análise política". Sinaliza a intenção de levar a voto a versão original da emenda rejeitada, sem os ajustes que suavizaram o texto.
Com mais de 130 pedidos de impeachment guardados na gaveta e às voltas com a articulação de uma gambiarra fiscal capaz de colocar em pé o novo Bolsa Família de R$ 400, Lira dá prioridade à satisfação de um desejo pessoal. Não abre mão de avançar sobre o conselho do Ministério Público que o importunou em inúmeras investigações.
Há muita coisa a ser aperfeiçoada no Ministério Público. Mas uma reforma feita a toque de caixa, tendo Arthur Lira como reformador sênior, não serve senão para demonstrar que o Legislativo brasileiro vive uma fase de faltas e de excessos. Falta de prioridade, falta de compromisso público, falta de vergonha na cara... Excesso de manobras, excesso de patrimonialismo, excesso de cinismo.
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