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Chapa com Alckmin interessaria apenas a Lula
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No universo da política, insultos que seriam lavados com sangue num romance ambientado no século 19 não passam de prenúncio de futuras alianças. Na sucessão de 2006, Lula e Alckmin tacharam-se mutuamente de leviano e mentiroso. Hoje, frequentam a conjuntura como potenciais aliados. Evitam confirmar a parceria. Mas fazem questão de não descartá-la. A junção pode ser politicamente interessante para Lula. Para Alckmin, nem tanto.
"Tenho extraordinária relação de respeito com Alckmin", disse Lula em Bruxelas. "Não há nada que aconteceu entre mim e Alckmin que não possa ser reconciliado. Não há. Política é como jogo de futebol. Você dá uma botinada no cara, o cara cai chorando de dor, mas depois termina o jogo, se encontram, se abraçam, vão tomar uma cerveja e discutir o próximo jogo."
Um acordo com Alckmin teria dupla serventia para Lula. Retiraria do caminho de Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de São Paulo, um rival duro de roer. E injetaria na chapa presidencial petista um vice de centro-direita. Apresentado pelas pesquisas como primeira via, Lula ganharia a companhia de um político com cara de terceira via.
Mal comparando, Alckmin desempenharia no arranjo do PT o papel que o empresário José de Alencar exerceu ao aceitar a posição de segundo na chapa de Lula em 2002 e 2006. Não há no mercado quem imagine que Lula vá transformar o Brasil num espantalho socialista, como alega Bolsonaro. Mas a suavização ideológica representada pela presença de Alckmin na chapa funcionaria como uma espécie de segunda carta de Lula aos brasileiros.
O que ganha Alckmin com esse tipo de acerto? Nada. Ou pouca coisa. Perde a conexão com seu eleitorado conservador. Abandona a perspectiva de dar o troco em João Doria, a quem chama de "traidor". Hoje, a prioridade de Alckmin é derrotar Rodrigo Garcia, o neotucano que o governador paulista fabricou como candidato à sua sucessão. Com dois pés fora do PSDB, Alckmin ganharia de concreto apenas o papel de coadjuvante num roteiro que reforça na cabeça dos eleitores a impressão de que a política é o território da farsa
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