Topo

Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Carta branca do PL vira piada: 'É igual à que Bolsonaro deu para o Moro'

Colunista do UOL

18/11/2021 09h18

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Um dos espetáculos mais divertidos dos próximos dias será a observação das acrobacias que Valdemar Costa Neto, o dono do PL, fará para atrair Bolsonaro até o altar. Mantido pelo presidente em compasso de espera na escadaria da igreja, Valdemar obteve dos dirigentes estaduais do PL uma "carta branca" para negociar a filiação do presidente à legenda. Entre risos, um dos caciques regionais do partido disse que a carta branca do PL "é igual à que Bolsonaro deu para o Sergio Moro."

Os chefes estaduais do PL saíram da reunião que resultou no anúncio da carta branca com a coloração de suas opiniões inalterada. Bolsonaristas como o senador catarinense Jorginho Mello sustentam que, confirmando-se a filiação do presidente, nenhum correligionário fará alianças regionais que destoem do projeto nacional de reeleição. Gente como o deputado piauiense Fábio Abreu, aliado no seu estado ao governador petista Wellington Dias, fechado com Lula, diz ter confiança na preservação da autonomia dos diretórios estaduais do PL.

Um dos participantes da reunião do PL insinuou que Bolsonaro pode ser enfeitiçado com seus próprios feitiços. Ele recordou que "o presidente disse que Sergio Moro teria carta branca, que Paulo Guedes daria a palavra final na economia e que o Planalto nunca negociaria com partidos do centrão. Hoje, todo mundo sabe que não existe carta branca em política, que a palavra final é dada por quem tem o poder e que o centrão é poderoso."

Outro participante da reunião dos dirigentes estaduais do PL disse que Valdemar pode atender parcialmente aos desejos de Bolsonaro, rompendo em São Paulo o acordo que fez com o governador João Doria. Prevê o apoio do PL ao vice-governador Rodrigo Garcia, candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes. Mas Valdemar correria o risco de esvaziar o partido se exigisse de todos os diretórios estaduais a troca dos projetos locais pelo apoio cego a Bolsonaro.

Numa negociação política, pode-se exigir tudo do interlocutor, menos que acredite em fantasias.