Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

STF discute se deve desfazer a si mesmo para livrar Collor da cana

O Supremo Tribunal Federal retoma nesta sexta-feira, no escurinho do plenário virtual, um julgamento inusitado. Envolve Fernando Collor, último oligarca pilhado no petrolão. Dependendo do resultado, Collor pode ir para a cadeia ou obter algo muito parecido com uma constrangedora impunidade.

O julgamento recomeça com o voto de Gilmar Mendes, o ministro que presenteou o grão-petista José Dirceu nesta semana com a anulação de todas as sentenças impostas contra ele na Operação Lava Jato.

O caso não está vinculado à força-tarefa de Curitiba. Comprovou-se que Collor e seus cúmplices desviaram R$ 20 milhões da BR Distribuidora, antiga subsidiária da Petrobras. Iniciada em 2010, sob Lula 1, a lambança virou escândalo em 2014, sob Dilma.

A denúncia foi formulada pela Procuradoria-Geral da República, em 2016. Em maio do ano passado, o ex-senador foi condenado pelo próprio Supremo a oito anos e dez meses de cadeia, em regime inicialmente fechado. Coisas estranhas passaram a acontecer.

Recurso vai, recurso vem, chegou-se à fase dos embargos de declaração. Não servem senão para a discussão de eventuais contradições ou obscuridades da sentença, sem rediscussão do mérito. A defesa alega que parte da pena prescreveu. O relator Alexandre de Moraes rejeitou os embargos. Foi seguido por Edson Fachin.

Num voto esdrúxulo, Dias Toffoli, conhecido pela notável capacidade de reescrever sentenças condenatórias, brindou Collor com a redução da pena à metade: quatro anos. Com isso, o sentenciado livra-se do regime fechado.

Em junho, Gilmar interrompeu o julgamento com um pedido de vista-socorro. Decorridos quatro meses, o julgamento será retomado com o voto do decano da Corte.

Dessa vez, não está em jogo a revisão de sentenças proferidas por Sergio Moro, carbonizado pela pecha de juiz suspeito. O que está em jogo agora é a hipótese de o Supremo desfazer a si mesmo para livrar da cadeia Collor, um transgressor de vitrine, que frequenta o verbete da enciclopédia como ex-presidente da República corrupto que sofreu um impeachment.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

6 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Aecyo Fernando Aguiar Rufino

Lá vem o Gilmau descendo a ladeira. Livrou o Zeca Diabo, agora vai livrar o Odorico Paraguaçu. Guenta, Sucupira! 

Denunciar

Helder Carlos de Araújo Cunha

Não consigo imaginar o dinheiro que é gasto em uma investigação, mas não é coisa pequena, para depois simplesmente serem anuladas, ou seja, o dinheiro, o tempo, as pessoas que trabalharam, em todas as etapas, são simplesmente anuladas, e o nosso dinheiro, que nunca vai para onde deveria ir, é desperdiçado sempre, em benefício de poucos.

Denunciar

Reginaldo Teixeira

Depois nosso Fouchet tupiniquim, Gilmar Mendes, aquele que trai a todos conforme o vento...leiam o livro Fouchet  ( parece, mas não é a biografia de Gilmar Mendes)....vem falar que o congresso dá vexame...ora.ora...

Denunciar