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Bolsonaro dedica à morte de Elza um desrespeitoso silêncio
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Certos silêncios merecem um minuto de barulho. O silêncio de Bolsonaro diante da morte de Elza Soares é de uma eloquência ensurdecedora. Já se sabia que o capitão despreza a cultura nacional. Sob Bolsonaro, a cultura tornou-se apenas mais um parâmetro para dimensionar a ignorância do presidente da República. Mas o gosto pessoal do inquilino do Planalto importa pouco diante da relevância do momento.
O luto pela morte de Elza Soares ultrapassa as fronteiras do país. Caberia ao presidente de plantão ecoar o sentimento nacional com a deferência de uma manifestação de pesar, com a decretação de luto oficial. Seria uma oportunidade para Bolsonaro deixar de ser Bolsonaro por um instante. Mas o personagem não perde a oportunidade de perder oportunidades.
A banalização da morte tornou-se uma marca do governo Bolsonaro. O presidente sapateia cotidianamente sobre os túmulos dos mais de 620 mil cadáveres da covid. O desprezo à memória de Elza Soares não é um caso isolado.
Durante a gestão de Bolsonaro, morreram personalidades como o cantor Moraes Moreira, o escritor Rubem Fonseca, o compositor Aldir Blanc e o gênio da música João Gilberto. Em todos os casos, Bolsonaro reagiu com um bocejo. Cobrado por jornalistas, o presidente disse o seguinte sobre João Gilberto, o pai da Bossa Nova: "Uma pessoa conhecida. Nossos sentimentos à família, tá ok?" Um acinte!
A propósito, morreu também na madrugada desta sexta-feira, aos 94 anos, a mãe de Bolsonaro, dona Olinda. Não era uma pessoa conhecida. Nem por isso devemos deixar de enviar, respeitosamente, os melhores sentimentos à família.
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