Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lula e Bolsonaro já ensaiam a fuga dos debates
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Três dias depois de o PL, partido de Bolsonaro, ter faltado à reunião em que a emissora CNN discutiu com representantes dos candidatos as regras do primeiro debate presidencial de 2022, marcado para 6 de agosto, surge a notícia de que o PT de Lula se queixa do excesso de debates. A coisa não cheira bem. É como se o líder e o vice-líder das pesquisas preparassem um a rota de fuga.
Surgem as primeiras desculpas. Dirigentes do PT reclamam da quantidade de debates. Alegam que as emissoras deveriam organizar um pool. Conversa mole de quem receia uma discussão franca sobre mensalões e petrolões. Ou sobre a ruína da gestão Dilma.
Bolsonaro já havia declarado há dois meses que pretendia participar de todos os debates, desde que não lhe fizessem perguntas sobre temas "pessoais" e "familiares". Ilusão de quem comanda uma holding da rachadinha e não consegue explicar nem os depósitos feitos pelo operador Fabrício Queiroz na conta bancária da primeira-dama Michelle.
No Brasil, debates eleitorais têm serventia duvidosa. As assessorias dos partidos impõem aos organizadores regras draconianas, que favorecem a cenografia em detrimento do conteúdo. Os contendores são ensaiados previamente em sessões de treinamento que transformam candidatos precários em boas encenações. Além disso, não há nenhuma garantia de que um bom debatedor será um gestor qualificado.
Ainda assim, é mais vantajoso ter algum debate do que não ter nenhum. É no mínimo constrangedor que os candidatos à Presidência que frequentam as pesquisas como adversários potenciais num eventual segundo turno insinuem o desejo de retornar ao trono brincando de esconde-esconde com os eleitores.
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