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Submetido ao centrão e a pastores, MEC se converte em caverna de Ali-Babá
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Bolsonaro e os cavaleiros do Apocalipse que passaram pela porta giratória do MEC sempre trataram o flagelo educacional como questão ideológica. Tudo se resolveria em três lances: malhar Paulo Freire, endireitar reitores esquerdistas e banir o comunismo de gênero das salas de aula. Sabe-se agora que a guerra cultural do bolsonarismo é impulsionada pela única invenção humana cobiçada por gente de todas as ideologias: o dinheiro. A escola sem partido de Bolsonaro tem centrão e pastores plantando bananeira dentro do cofre do FNDE, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação.
Não bastasse o caso dos pastores que cobravam propinas de prefeitos para azeitar a liberação de verbas educacionais, o Estadão levou às manchetes outra mazela. Descobriu-se que o Ministério da Educação abriu licitação superfaturada para a compra de 3.850 ônibus escolares. O sobrepreço chega a R$ 700 milhões. Técnicos do próprio FNDE e auditores da Controladoria-Geral da União apontaram o mau cheiro. Mas o centrão tapa o nariz e segue em frente.
Contrariando as ressalvas técnicas, o FNDE autorizou a licitação há duas semanas. O pregão eletrônico ocorrerá na terça-feira. A autorização é assinada por Garigham Amarante, diretor de Ações Educacionais. Trata-se de um indicado do notório Valdemar Costa Neto, dono do partido de Bolsonaro, o PL. Assina a peça também o presidente do FNDE, Marcelo Ponte. O personagem já foi assessor do chefe da Casa Civil Ciro Nogueira.
Alheio às evidências, Bolsonaro diz comandar um governo "sem corrupção". Mas alguns brasileiros, fartos da espoliação, já não engolem a empulhação. Aprenderam que a corrupção funciona mais ou menos como o futebol. O sujeito pode ser o maior craque do mundo. Mas não marca gol sozinho. Há toda uma estrutura funcionando por trás: a diretoria do clube, o preparador físico, a turma do departamento médico, o treinador, o próprio time...
Na corrupção é igualzinho. Pastores são recebidos no Planalto. Infiltram-se no gabinete do ministro. Achacam prefeitos. Prepostos dos oligarcas do centrão invadem a grande área do Orçamento federal. Enfim, há todo um aparato armando as jogadas que colocarão os corruptos na cara do cofre público.
Nesse jogo, Bolsonaro faz o papel de técnico. Ele escala o time. Atua do lado de fora das quatro linhas. Só troca de jogador quando a fratura está muito exposta. E finge desconhecer que o pedaço de Brasília onde pulsa o coração administrativo do governo vai ganhando novamente a aparência de uma Bagdá entregue a Ali-Babá. O MEC ficou muito parecido com uma caverna.
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