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CPI é um teatro para recolocar o centrão dentro dos cofres da Petrobras
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Bolsonaro vai entrar para os anais da República como o primeiro presidente da história a cobrar a instalação de uma CPI para investigar um gestor que ele próprio nomeou. O presidente trata José Mauro Coelho, o penúltimo presidente destituído da Petrobras como boi de piranha —aquele bicho que é jogado no rio para ser comido enquanto o resto da manada passa.
No comando do cardume de piranhas que trituram José Mauro, Arthur Lira esclareceu na noite passada qual é, de toda a boiada, o boi que o centrão deseja fazer passar: uma medida provisória modificando a Lei das Estatais. Na expressão de Lira, essa lei transformou estatais como a Petrobras em "seres autônomos e com vida própria, dissociados do governo do momento". Deseja-se modificar a lei que para dar "uma maior sinergia" entre as estatais e a política. Sinergia, no caso, é um outro nome para assalto.
A Lei das Estatais foi aprovada nas pegadas da Lava Jato justamente para deter a perversão que produziu na Petrobras o maior esquema de corrupção da história. Nesse enredo, o PP, partido de Lira, é beneficiário do roubo e responsável pela indicação do principal delator do petrolão, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.
A chance de avançar no Congresso uma CPI chapa branca às vésperas do recesso parlamentar e a três meses e meio de uma eleição presidencial é muito próxima de zero. Mas é grande o risco de Bolsonaro editar uma medida provisória que subverta a Lei das Estatais para recolocar a boiada do centrão dentro dos cofres da Petrobras.
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