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Josias de Souza

REPORTAGEM

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PEC eleitoral e trava em CPI custam R$ 6 bi em verbas do orçamento secreto

Colunista do UOL

06/07/2022 06h01

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A solidariedade do Congresso com o projeto de reeleição de Bolsonaro ganhou uma explicação monetária. Nas últimas duas semanas, o Planalto se comprometeu em liberar R$ 6,1 bilhões em verbas do chamado orçamento secreto. Enquanto recolhia as indicações dos parlamentares, o governo azeitou a aprovação da proposta de emenda constitucional que autoriza Bolsonaro a mimar o eleitorado pobre com mais de R$ 40 bilhões em benefícios sociais. Assegurou também o acordo que empurra a CPI do MEC para depois das eleições.

Notícia divulgada pelo Globo informa que os pedidos dos parlamentares foram publicados pela Comissão de Orçamento nesta terça-feira, mesmo dia em que o Senado travou a CPI e a Câmara acelerou a tramitação da PEC de bondades aprovada pelos senadores na semana passada. Os R$ 6,1 bilhões levados ao balcão agora correspondem ao dobro de tudo o que foi liberado em verbas secretas desde maio. Coisa de R$ 12,3 bilhões.

O governo tentou jogar os novos pedidos para depois de outubro, já que a legislação impede a liberação de emendas a três meses da eleição, prazo que começou ser contado no último sábado. Mas os parlamentares exigiram o recebimento antecipado das requisições. O simples pedido já serve para fazer média com o eleitorado dos seus currais eleitorais. O pedaço secreto do Orçamento federal de 2022 soma R$ 16,5 bilhões. Desse total, o governo já emitiu R$ 7,7 bilhões em notas de empenho, documentos que representam a garantia de pagamento.

Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, presidentes da Câmara e do Senado, compõem o rol de beneficiários. Nesta última leva de requisições, Lira foi o segundo maior contemplado entre os deputados, com R$ 134 milhões. Pacheco é o nono colocado no ranking de senadores, com R$ 93,5 milhões. O Planalto está muito satisfeito com a atuação de ambos.

A velha sacada de Churchill ensina que a democracia é o pior regime possível com exceção de todos os outros. Mas no Brasil os políticos parecem eternamente engajados num esforço para implementar as alternativas piores. De erro em erro, chegou-se à cleptocracia atual. Institucionalizou-se o código de barras da democracia brasileira.