Topo

Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Parceria com Forças Armadas pode pavimentar caminho do TSE para o inferno

Colunista do UOL

12/09/2022 09h36

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Há cinco meses, num comício disfarçado de cerimônia oficial no Planalto, Bolsonaro declarou que as Forças Armadas haviam sugerido ao Tribunal Superior Eleitoral que os militares fizessem uma contagem paralela dos votos nas eleições presidenciais deste ano. A declaração soou como anedota de um presidente delirante. Notícia da Folha revela que o delírio anedótico está prestes a virar realidade.

Militares envolvidos na fiscalização do processo eleitoral se equipam para copiar no dia da eleição o código de 385 boletins de urnas em todo o país. Os dados seriam remetidos para o Comando de Defesa Cibernética do Exército, em Brasília, que faria a contagem paralela dos votos em tempo real. Essa apuração fardada seria confrontada com os resultados oficiais da Justiça Eleitoral.

Declarações feitas por Bolsonaro na semana passada revelam o tamanho da encrenca que está por vir. Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro comentou a negociação dos militares com o TSE para modificar o teste de integridade das urnas, estágio anterior à apuração. Disse que ter ouvido do general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, que a adoção do modelo sugerido pelos militares "reduz a próximo de zero a possibilidade de fraude."

Bolsonaro pareceu insatisfeito. "Próximo de zero não é zero", disse ele, antes de perguntar: "O que nós queremos não são eleições limpas?" Quarenta e oito horas depois dessa entrevista, Bolsonaro despejou em sua live de quinta-feira outra interrogação: "Alguém acredita que, numa eleição limpa, o Lula ganha?"

Se o TSE aceitar que o Comando de Defesa Cibernética do Exército realize a apuração paralela de 385 urnas, dará asas a uma terceira e inquietante indagação: Alguém duvida que Bolsonaro possa tramar com seus militares a fabricação de pretexto para contestar qualquer resultado que não seja a sua reeleição?

Ou o TSE devolve as Forças Armadas para o seu devido lugar ou pode pavimentar o seu próprio caminho para o inferno.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições: 8h, 12h e 18h, sempre ao vivo.

Atualização feita às 13h21 desta segunda-feira (12/9): O TSE divulgou nota sobre a notícia de que a intenção das Forçar Armadas de realizar uma apuração paralela das urnas. O texto nega a existência de acordo com militares. Aqui, a íntegra da nota do TSE.

Quando: de segunda a sexta às 8h, 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. Veja a íntegra do programa: