Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Ciro flerta com risco de sair de 2022 como sub-Tebet
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A pretexto de combater o voto útil, Ciro Gomes divulgou um manifesto à nação. Nele, apresentou-se como vítima de uma "campanha de intimidação, mentiras e de operações de destruição de imagens". Reafirmou a disposição de se manter na pista como opção contra tudo-o-que-está-aí (Bolsonaro) ou contra tudo-o-que-já-esteve-e-planeja-voltar (Lula). Numa disputa eleitoral, quando o candidato deixa de levar em conta a realidade, tende a ser desligado da tomada pelos fatos. Ciro acha que é uma coisa. Mas o eleitor já o transformou numa coisa bem diferente.
O nome do adversário de Ciro não é Lula. Tampouco Bolsonaro. Passou a se chamar Simone Tebet a principal ameaça aos planos de Ciro. O candidato do PDT fez uma campanha em zigue-zague. Até fevereiro do ano passado, imaginou que mediria forças com Bolsonaro. Dizia: "Quem for contra o Bolsonaro no segundo turno tem a tendência de ganhar a eleição. O menos capaz disso é o PT. Minha tarefa é derrotar o PT no primeiro turno."
Em maio de 2021, Ciro ajustou sua prosa. Avaliou que a pandemia dissolveria Bolsonaro, abrindo espaço para que enfrentasse Lula no segundo turno. Ciro declarou: "Eu vou pra cima dele". Chamou Lula de "maior corruptor da história."
Hoje, Ciro diz que "nada deterá" o seu "projeto nacional de desenvolvimento". Engano. O eleitor já travou seu nacionalismo. Ciro pode procurar culpados onde quiser, mas só o encontrará no reflexo do espelho.
Ciro parece odiar a realidade que engolfa o seu projeto político. Mas a realidade ainda é o único lugar onde um candidato pode obter votos. Na sua quarta campanha presidencial, Ciro perderá a eleição e o rumo. Flerta com o risco de ser ultrapassado nas urnas pela debutante Simone Tebet.
Desidratado, Ciro será uma voz débil da oposição. O PDT já discute internamento o apoio a Lula no segundo turno.
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