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Bolsonaro ameaça deixar forças armadas sem comando na posse de Lula
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Bolsonaro se move nos bastidores como se desejasse potencializar a instabilidade militar que marca a transição de governo. Calado desde que foi derrotado, o presidente insinua em cochichos privados que pode deixar Exército, Marinha e Aeronáutica sem comando na posse de Lula. Os comandantes das três forças já sinalizaram que deixarão os postos neste mês, ainda sob a Presidência de Bolsonaro. Lula viu-se compelido a apressar a seleção do ministro da Defesa. Escolheu José Múcio Monteiro.
A prioridade de Múcio, cuja indicação deve ser formalizada na semana que vem, é a substituição dos comandantes. Caberia a Bolsonaro, ainda no exercício da Presidência, efetivar as trocas. O capitão insinua que cruzará os braços. Tropa não pode ficar sem comando. Mas Bolsonaro ameaça adicionar a uma conjuntura já crivada de anomalias um fator adicional de conturbação. Pelo menos um auxiliar aconselhou Bolsonaro a facilitar a transição na área militar. O presidente ouviu a ponderação em silêncio.
Na quinta-feira da semana passada, Bolsonaro reuniu-se no Alvorada com os comandantes do Exército (Marco Antônio Freire Gomes), da Marinha (Almir Garnier), e da Aeronáutica (Carlos de Almeida Baptista Junior). Participou do encontro o general Braga Netto, que foi candidato a vice na chapa derrotada. O teor da conversa não foi divulgado.
Curiosamente, o nome de José Múcio, ex-presidente do Tribunal de Contas da União e ex-ministro de Relações Institucionais de Lula, foi bem recebido entre os militares, inclusive os bolsonaristas. Para evitar ruídos, Lula desistiu de debater no escritório de transição a política de Defesa. Cancelou a instalação do grupo de trabalho que trataria do tema. E não foi por falta de material.
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