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Ações contra golpistas civis voam, inquéritos contra militares se arrastam
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Há uma notável discrepância no tratamento dispensado a civis e militares suspeitos de envolvimento na versão brasiliense do Capitólio. Tocados sob a supervisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, os processos contra civis voam. Conduzidas pelo Ministério Público Militar, as investigações contra militares se arrastam. Consolida-se entre ministros do Supremo a percepção de que será inevitável unificar procedimentos, acomodando todos os casos sobre a mesa de Moraes.
Por ordem de Moraes, 942 civis permanecem na cadeia. Entre eles o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres. Outros 464 saíram em liberdade provisória, com tornozeleira eletrônica. Não há vestígio de militar preso. O Supremo já abriu meia dúzia de inquéritos. Neles, foram incluídos até Bolsonaro e três parlamentares acusados de incitação ao crime: André Fernandes (PL-CE), Sílvia Waiãpi (PL-AP) e Clarissa Tércio (PP-PE). O Ministério Público Militar ainda não chegou à fase dos inquéritos. Abriu seis investigações preliminares, chamadas de "notícias de fato". Correm em segredo. O total de investigados é uma incógnita.
Responsável pelos paisanos, a Procuradoria-Geral da República já protocolou no Supremo ações penais contra 98 pessoas. Se as denúncias forem aceitas, os acusados passarão à condição de réus. Não há nenhum militar em posição semelhante. Contra eles tudo o que existe são pré-apurações.
Ao permitir que golpistas se entrincheirassem na frente do seu Quartel-General, o Exército espalhou a pólvora. Ao manter o acampamento mesmo depois que saíram dele os terroristas que tentaram explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília, o Exército ajeitou o pavio. Ao permitir que 130 ônibus despejassem no acampamento falanges de bolsonaristas à vésperas do 8 de janeiro, o Exército riscou o fósforo. Ao se omitir na proteção ao prédio do Planalto, o Exército imprimiu as digitais na fuzarca. Ao retardar a prisão de criminosos que retornaram ao acampamento após o quebra-quebra, o Exército consolidou-se como estorvo antidemocrático.
Contra esse pano de fundo, não faz nexo que paisanos sejam tratados com rigor enquanto o Ministério Público Militar serve refresco aos fardados.
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