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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Falta a Fernando Haddad dar nome aos jabutis

Fernando Haddad em coletiva sobre arcabouço fiscal - Diogo Zacarias / MF
Fernando Haddad em coletiva sobre arcabouço fiscal Imagem: Diogo Zacarias / MF

Colunista do UOL

31/03/2023 10h42

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Ecoando Lula, Fernando Haddad disse que o objetivo do seu esqueleto fiscal é colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda. Seria um grande feito, pois o imposto de renda no Brasil virou um mecanismo de tirar dinheiro de quem não consegue escapar.

Em certos momentos, o tambor do ministro da Fazenda soou como violino. "Vamos fechar os ralos do patrimonialismo brasileiro". Segundo Haddad, a estrutura tributária foi invadida por jabutis. Como jabutis não sobem em árvore, resta saber quem os colocou lá.

Graças à concessão de isenções tributárias, o Fisco deixa de arrecadar mais de R$ 350 bilhões por ano. O ministro precisa dar nome aos jabutis e aos seus donos. Antes disso, qualquer avaliação sobre as chances de êxito do plano do governo será um exercício de quiromancia.

O esqueleto fiscal de Fernando Haddad ambiciona contas no azul com crescimento dos gastos públicos todos os anos. Para atingir esse nirvana orçamentário, espera-se obter arrecadação adicional de até R$ 150 bilhões. Tudo isso sem criar impostos nem aumentar os já existentes, só caçando jabutis.

Manejando metáforas diferentes, Paulo Guedes enxergou o patrimonialismo que incomoda Haddad quando disse que "piratas privados, burocratas corruptos e criaturas do pântano político se associaram contra o povo brasileiro."

Ao final da gestão Bolsonaro, as criaturas do centrão haviam arrastado para o pântano o liberalismo do Posto Ipiranga. E os piratas do patrimonialismo, bem servidos, silenciavam diante das pedaladas eleitorais do capitão. Haddad lida com a mesma fauna.