Ucrânia virou o bode da cúpula entre Europa e América Latina

Na cúpula entre os países da Europa e da América Latina, a guerra na Ucrânia é um bode. Sua presença no esboço da declaração final do encontro é desanimadora. A energia gasta para tentar dissolver divergências sobre a forma como o conflito deve ser tratado é constrangedora. O encontro começa nesta segunda-feira, em Bruxelas. Lula chegou no domingo.

A presença do bode na antessala da cúpula desanima por revelar a dificuldade dos protagonistas de cuidar do que é essencial. Para o Brasil e seus parceiros de Mercosul, o primordial é acelerar o acordo comercial com a União Europeia. Para a Europa, o básico é recuperar o terreno perdido para a China nas relações comerciais com a América Latina.

As divergências quanto ao conteúdo da menção sobre Ucrânia constrangem pela inutilidade. Os europeus pedem uma reprovação explícita à Rússia. Os latino-americanos, Cuba e Venezuela à frente, guerreiam por uma referência neutra. O Brasil articula um texto que realce a conveniência de uma solução pacífica. Alheios ao debate, a Ucrânia celebra o avanço de suas tropas e a Rússia ameaça usar bombas de fragmentação.