Tarcísio soa absurdo, temerário e irresponsável sobre ação da PM
Ao sentenciar que "não houve excesso" da polícia na operação que deixou um rastro de pelo menos dez cadáveres no Guarujá —metade sem antecedentes criminais—, o governador paulista Tarcísio de Freitas declarou, com outras palavras, que a PM de São Paulo não deve nada a ninguém.
A operação ocorreu depois do assassinato de um policial que patrulhava uma comunidade. A ouvidoria da polícia coleciona denúncias de abuso de autoridade, tortura e execuções. São "narrativas", desdenha Tarcísio. O Ministério Público decidiu investigar. A atuação foi "profissional", antecipa-se o governador. As palavras de Tarcísio são absurdas, temerárias e irresponsáveis.
Alegar que não "não houve excessos" é absurdo porque, pela Constituição, todos são inocentes até prova em contrário. Tratar graves denúncias como narrativas inverídicas é temerário porque reforça a sensação de que, nas áreas periféricas do Brasil pobres e pretos são culpados até prova em contrário.
Classificar a atuação da polícia como "profissional" antes do início da investigação é irresponsável porque conduz à suposição de que o governador do maior e mais rico estado do Brasil avaliza um modelo de segurança pública no qual determinadas pessoas são executadas como prova em contrário.
No Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, guarda-chuva e furadeira já foram objetos suspeitos nas mãos de pessoas assassinadas por policiais. Na Bahia, reduto do Partido dos Trabalhadores, 19 pessoas morreram em três operações da Polícia Militar entre sexta-feira passada e segunda-feira.
No Guarujá, Tarcísio contou oito corpos. A ouvidoria contabilizou dez cadáveres. Mas apura outras nove mortes. A barbárie é ideológica. A barbárie é truculência.
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