Josias de Souza

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Opinião

Experimente pensar só nisso: Sai Ana Moser, entra Fufuca!!!

Lula comparou sua penúltima reforma ministerial a uma partida de futebol. "O técnico entra com um time em campo. No decorrer do jogo, dependendo da tática do adversário, ele vai mudando." No Ministério dos Esportes, saiu Ana Moser. Entrou André Fufuca. Pense só nisso por um instante. Esqueça todo o resto.

O brasileiro já se habituou a ler ou ouvir frases como "o partido tal ganhou o ministério X". Ou "a legenda de fulano levou a estatal Y". São comentários tão frequentes que passam despercebidos. Mas experimente colocar a troca de uma medalhista olímpica por um zagueiro do centrão nas suas circunstâncias.

Pense na conversa em que Janja deve ter feito ponderações a Lula, na intimidade do Alvorada: "Quem sabe na Ana Moser a gente não mexe! Pode pegar mal junto às mulheres." Lula deve ter toureado a primeira-dama com a mesma lábia que usou na live de terça-feira.

"É sempre muito difícil você chamar alguém para dizer que vai precisar de um ministério porque fiz acordo com partido político, mas essa é a política", declarou Lula. Foi como se desejasse realçar, com outras palavras, uma expressão repetida desde a chegada das caravelas: "É normal!."

Antes da escalação de Fufuca para a vaga de Ana Moser, o PP travou com o Planalto uma controvérsia sobre o peso da substituição em moedas. Muito ou pouco? Pouquíssimo, avaliou o partido, arrastando para a caixa registradora dos Esportes a coleta que virá da futura tributação dos games. Coisa de R$ 12 bilhões por ano.

Além do tributo, virão as emendas orçamentárias que os parlamentares do centrão planejam enfiar dentro das arcas do ministério. A conquista política se converte rapidamente em ganho financeiro. Conviria perguntar: O dinheiro será aplicado tendo em vista os benefícios eleitorais que pode render ao partido? Serão premiados os apaniguados? Deseja-se roubar?

Embora sejam incontornáveis, as indagações são apenas sussurradas. Nem os jornalistas se arriscam a perguntar em voz alta. Todos têm medo de parecer ingênuos. Nada é tratado como anormal, exceto a impressão de que "nada" já se tornou um vocábulo que ultrapassa "tudo".

Alega-se à boca miúda que poderia ser pior, pois Arthur Lira chegou a pleitear a pasta da Saúde ou o ministério do Bolsa Família. Mas o apetite do condestável do centrão ainda não foi aplacado. O Planalto informa que Lula entregará a Caixa Econômica ao PP quando retornar da viagem à Índia. Falta definir quantas diretorias e vice-presidências do banco estatal Lira controlará além da presidência.

Piscam no letreiro nacional as mesmas perguntas de sempre, que não serão formuladas nem respondidas senão quando explodir o próximo escândalo: Que fará o PP com a Caixa? Oferecerá empréstimos com juros camaradas a cabos eleitorais? Franqueará convênios a prefeitos amigos candidatos à reeleição? Ou deseja apenas impor a filosofia do fisiologismo ao setor bancário?

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Hoje, quando um oligarca partidário condiciona o apoio legislativo ao "espaço" que o governo for capaz de ceder à sua legenda, todos sabem decifrar o enigma. "Espaço" é apenas um outro nome para a extensão ideal, de preferência ilimitada, para que os partidos estruturem dentro dos cofres públicos suas redes de falcatruas e achaques.

Protagonista do petrolão, o PP de Lira tem um enorme passado pela frente. Sobretudo depois que Dias Toffoli gastou a tinta de sua caneta suprema para anotar que são imprestáveis todas as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht.

Em antigas gestões petistas, as legendas do centrão eram a favor de tudo ou contra qualquer outra coisa, desde que fossem assegurados seus "espaços" na máquina pública.

Sob Bolsonaro, os filhos gentis do centrão se renderam ao patriotismo de resultados. Num brado retumbante, esclareceram que suas vísceras jamais voltariam a ser vermelhas. Chegam ao primeiro 7 de Setembro de Lula 3 sussurrando "independência ou morte".

Longe dos raios fúlgidos, o centrão troca o intestino verde-amarelo por qualquer "espaço" furta-cor. No Ministério dos Esportes, saiu Ana Moser, para a entrada de um Projeto Fufuca de Poder. Experimente pensar só nisso. Esqueça qualquer outra coisa.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

114 comentários

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Leonardo Avellar

Dias Tofolli. Competência de advogado de porta de cadeia. Honestidade nível Sérgio Cabral. Enquanto esse país não tiver justiça o que veremos é corrupção escancarada e aberta. Tudo o que ocorre é devido a certeza de impunidade, já que a Justiça serve para endossar a pirataria. Nossa maior chaga. Esses acordos não existiriam se tivéssemos Ministros do Supremo/juízes de fato! Temos cúmplices ao invés disso.

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Teresinha Cid Constantinidis

Enquanto não aprendermos a escolher um legislativo decente essa história continuará se repetindo. O que adianta votarmos num presidente progressista e ao mesmo tempo num congresso tão reacionário e fisológico? 

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Lourival Andrade Nascimento

Senhor Ombudsman da Folha, mãe descuidada do Uol, ainda é possível contraditar seus " colunistas ", com palavras rigorosamente dentro das regras da civilidade? O Josias é intolerante com quem discorda dele, mas vamos adiante. Pois é, Josias. O desgoverno rancoroso, vingativo e movido pelo ódio patológico do Lula está sem rumo, levado pelo vento e afundando o Brasil num novo lamaçal tipo Mensalão e Petrolão. A Petrobras reabilitou a Odebrecht, o Lula coopta o Centrão, distribui bilhões em Emendas do " Orçamento Secreto ", quer que ninguém saiba como os companheiros do STF/TSE votam, reduziu em quase 65% os dividendos pagos a acionistas da Petrobras, demite mulheres e coloca meliantes em seus lugares, a economia desacelera, os combustíveis sobem, a inflação está em alta, Estados governados pelo PT têm as Polícias mais letais, a criminalidade em Estados governados pela esquerda avança rapidamente. Não tem perigo desse desgoverno dar certo! Salvei.

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