Clima segue a mesma lógica do enchimento dos balões de festa
O ser humano complica coisas que são simples. Nada é mais simples do que a lógica do enchimento de balões de festa. Qualquer criança sabe que o segredo está em descobrir o ponto exato que antecede o momento da ruptura dos balões, o instante em que um sopro a mais fará o balão explodir.
De acordo com a Organização Mundial de Meteorologia, vinculada à ONU, 2023 deve ser o ano mais quente da história. A queima de combustíveis fósseis e o desmatamento subverteram a atmosfera do planeta.
O brasileiro já ralou ondas de calor, chuvas fortes e vendavais intensos. Mas o que se vê em 2023 é algo diferente. Um típico momento-balão-de-festa-infantil. No Sul, enchentes inéditas. No Norte, uma seca que evaporou os rios da Amazônia. Em São Paulo, a fúria de ventos que sopraram a mais de 100 quilômetros por hora. Temperaturas 5 graus acima do habitual por quase uma semana em mais de 1.400 municipios espalhados pelo país. É a oitava onda de calor do ano.
Firmado em 2015, o acordo de Paris previa que todos os países se esforçariam para evitar que o planeta chegasse aos 2 graus de aquecimento até o fim do século. Mas a humanidade continuou se comportando como se soprasse balões de festa.
Mantida a emissão de gases de efeito estufa no nível atual, a temperatura média do planeta ultrapassará a marca de 1,5 grau antes do final da década. Em duas décadas, chega-se fácil aos temidos 2 graus.
Na lógica dos balões, quem sopra aleatoriamente só descobre o ponto exato que antecede o estouro quando não adianta mais nada. Começa em 30 de novembro, em Dubai, a próxima conferência do clima, a COP28. Nela, será feito o primeiro balanço das metas do Acordo de Paris.
Cada chefe de Estado deveria incluir na sua comitiva uma criança de cinco anos. Antes de cada discurso, esse assessor mirim alertará: "Não respire. Um hálito a mais e o balão do planeta arrebenta!"
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