Josias de Souza

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Opinião

Tarcísio e sindicalistas dão tiros no pé... da clientela pobre de SP

A população pobre de São Paulo rala nesta terça-feira os efeitos da terceira greve do ano no serviço público de transporte sobre trilhos. A paralisação acontece porque metroviários e ferroviários estão em guerra com o governo de Tarcísio de Freitas. Fracassaram todas as tentativas de armistício. Os dois lados avaliam que há muitos canalhas. Mas acham que todos estão do outro lado da mesa. O problema é que, na briga entre o sindicalismo e o governo, quem entra com a cara é a clientela pobre.

Uniram-se à greve dos trabalhadores dos transportes os servidores da Sabesp e os professores. Cruzaram os braços contra os planos privatistas de Tarcísio. Sustentam que o governo se negou a atender às três reivindicações que evitariam o suplício da população: a suspensão da tramitação do projeto de privatização da Sabesp; a convocação de um plebiscito sobre o tema; e a liberação da catraca.

O Palácio dos Bandeirantes alega que liberar a catraca traria confusão pelo excesso de passageiros. Diz que suspender o processo de privatização da Sabesp está fora de cogitação. Afirma que o verdadeiro plebiscito já foi realizado nas urnas de 2022. Acionada, a Justiça manteve a catraca e ordenou aos sindicatos que garantam 80% do serviço nos horário de pico. Dessa vez, a ordem judicial foi desrespeitada em menor grau, o que levou ao funcionamento parcial dos serviços.

Ironicamente, Tarcísio de Freitas e a Enel, concessionária privada de energia, causaram com um apagão mais danos à privatização da Sabesp do que o sindicalismo com suas três greves. Governador e empresa culparam as árvores e o vento pelo breu que deixou domicílios às escuras por até seis dias.

Um gestor que coloca a política acima da lógica, negando-se a reorientar o debate sobre privatização depois de um curto-circuito sem precedentes, se arrisca a receber o troco quando tiver que pedir votos novamente. Do mesmo modo, o sindicalismo que promove greve com motivação política não pode se queixar se a clientela decidir responder politicamente na próxima eleição.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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