Maduro reage a Lula como lobo atacando Chapeuzinho Vermelho
Devagarinho, Lula vai se dando conta de que a "democracia relativa" que enxergava na Venezuela se parece muito com uma ditadura absoluta. Descobre da pior maneira que Nicolás Maduro é um democrata sui generis, do tipo que jamais negaria a ninguém o direito de concordar inteiramente com ele.
Lula ousou declarar-se surpreso com a antevisão de Maduro segundo a qual um "banho de sangue" tingirá a conjuntura venezuelana caso a oposição prevaleça nas urnas do próximo domingo. O autocrata companheiro deu de ombros: "Quem se assustou que tome chá de camomila". Horas depois, Maduro adotou contra Lula uma ficção de Bolsonaro. Disse que não são auditadas as eleições no Brasil. Atribuiu a mesma pecha às eleições dos Estados Unidos e da Colômbia. Os três países monitoram com lupa o pleito venezuelano.
#ÚLTIMAHORA Nicolás Maduro cuestionó los sistemas electorales de Colombia y Brasil: "No auditan ni un acta" https://t.co/yY6joGlDxD pic.twitter.com/LvvFloboDP
-- Monitoreamos (@monitoreamos) July 24, 2024
Edmundo González, o opositor que Maduro consentiu antes de saber que subiria além do desejável nas pesquisas, agradeceu o apoio de Lula ao processo eleitoral. Disse valorizar a presença de Celso Amorim como observador em Caracas. O assessor internacional do Planalto declarou ao Globo que Maduro deveria aproveitar as eleições para "mostrar que a democracia" venezuelana "está consolidada".
A despeito dos esforços de Amorim, Lula talvez devesse buscar a assessoria de uma criança de cinco anos. No teatro infantil, com seus enredos básicos, sua comédia ingênua e seus exageros trágicos, as crianças se integram com facilidade à catarse. Elas participam do espetáculo. Interferem na história, vaiam os vilões e torcem pelos hipotéticos herois.
Uma criança teria saltado da cadeira em maio do ano passado, quando Lula recepcionou Maduro em Brasília. O assessor mirim teria invadido o palco para avisar ao Chapeuzinho Vermelho do Planalto que o Lobo Mau venezuelano não merecia o benefício da dúvida. O que faltou a Lula foi um acompanhante infantil, com discernimento para alertar que um presidente marcado pelos calos do 8 de janeiro não deveria se meter em apertos antidemocráticos.
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