Josias de Souza

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Bolsonaro cavou a cova de Moro, Michelle pode significar a lápide

O ruim não é atmosfera de velório que cerca a audiência marcada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná para dar sequência ao processo de cassação de Sergio Moro. Pior mesmo era a perspectiva de que não aparecesse ninguém para espantar as moscas. O objetivo da audiência é ouvir Moro, que demorou a confirmar seu comparecimento. A hesitação passou a impressão de que o personagem já não tem muito a dizer.

O PL de Bolsonaro, um dos autores da ação que acusa Moro de abuso do poder econômico e político, abriu mão do depoimento do acusado, pois avaliou que o processo já está recheado de provas. Mas o relator do caso, o desembargador Luciano Carrasco —que não se perca pelo sobrenome—, fez questão do depoimento, transferindo para Moro a tarefa de dimensionar o tamanho do seu vexame.

Na prática, Moro já recebe um tratamento de ex-senador. Confirmando-se a cassação, o eleitorado paranaense será chamado a eleger um novo senador. A fila de pretendentes inclui meia dúzia de políticos. A lista vai de um polo ao outro —de Michelle Bolsonaro a Gleisi Hoffmann.

O PL de Valdemar Costa Neto diz que dispõe de pesquisa sinalizando o favoritismo de Michelle. Nessa hipótese, a aventura política de Sergio Moro teria um final tragicômico. Bolsonaro cavou a cova do ex-juiz quando o convenceu a trocar a magistratura pela política. Com o pedido de cassação, o PL se juntou ao PT para jogar terra em cima do mandato de Moro. É irônico que Michelle pode significar a lápide desse enredo fúnebre.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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