O futuro da PGR passa pelo que Gonet fará com Bolsonaro e Cia.
A chegada de Paulo Gonet representa uma virada de página para a Procuradoria-Geral da República. Falta definir se a página será virada para a frente ou para trás. O que o substituto de Augusto Aras fará no cargo, só o tempo dirá. Seus propósitos começarão a ser esboçados no encaminhamento das encrencas que envolvem Bolsonaro e suas falanges.
Gonet pega o bonde em movimento. Mas o procurador Carlos Frederico Santos facilitou-lhe o embarque. Entregou na sexta-feira o cargo de coordenador do Grupo Especial de Combate aos Atos Antidemocráticos de 8 de janeiro. Deixou Gonet à vontade reconduzi-lo ao posto. Ou não.
Carlos Frederico encaminhou 1.412 denúncias ao Supremo. Chamou de fraca, porém, a delação de Mauro Cid contra Bolsonaro. Foi uma cotovelada na Polícia Federal, que fechou a colaboração premiada do ex-ajudante de ordens. Mas a estocada resvalou também em Alexandre de Moraes, que homologou o acordo.
Junto com Gilmar Mendes, Moraes avalizou a indicação de Gonet. Na semana passada, o novo PGR disse que a atuação de Moraes "serve como baliza" para o trabalho que pretende desenvolver na chefia do Ministério Público. Um prenúncio de que não cogita servir refresco a Bolsonaro e seus aliados paisanos e militares.
A Procuradoria já foi comandada por um engavetador-geral e um flecheiro-geral. Augusto Aras escolheu passar pelo cargo como cínico-geral da República. Mostrou que, em terra de cego, o pior procurador é aquele que evita denunciar que o rei esta nu. Gonet ganhou de presente de Aras a oportunidade de produzir uma Procuradoria inteiramente nova. Caos não falta. O futuro da PGR passa pelo que Gonet fará com Bolsonaro e Cia.
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