Josias de Souza

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Opinião

Asfixia de Bolsonaro é parte da equação que levou Gonet à PGR

A Polícia Federal aguardava pela troca de comando na Procuradoria-Geral da República para fechar a conta dos inquéritos sobre Bolsonaro. Paulo Gonet foi escolhido por Lula sob influência de Alexandre de Moraes, relator-geral das encrencas bolsonaristas. Antes de ser aprovado pelo Senado, Gonet esteve um par de vezes no Planalto. O que conversou com o presidente, não se sabe. Mas nem a alma mais ingênua se atreveria a supor que Lula e Gonet deixariam de falar sobre o futuro criminal de Bolsonaro.

Reportagem de Aguirre Talento informa que a PF prepara para o início de 2024 o indiciamento de Bolsonaro nos inquéritos sobre fake news e milícias digitais. Os processos incluem da tentativa de golpe à falsificação de certificados de vacinação, da propagação de mentiras ao comércio ilegal de joias. O indiciamento deixará Gonet diante de duas alternativas: denunciar Bolsonaro ou desmoralizar Lula.

Como o mandato do PGR dura apenas dois anos, o desejo de recondução elimina a hipótese de Gonet fazer Lula de bobo. Confirmando-se a denúncia, restarão ao Supremo duas possibilidades: condenar Bolsonaro ou condenar Bolsonaro. A absolvição ou uma sentença suave, sem cadeia desmoralizariam a Corte, que já impôs às piabas do 8 de janeiro sentenças de até 17 anos de cana.

Um Bolsonaro encarcerado sob os ritos democráticos ficaria em situação parecida com a que viveu o adversário. Lula foi afastado das urnas graças a uma ação coordenada do Supremo —que sonegou-lhe um habeas corpus— e do TSE —que enquadrou-o na inelegibilidade da Lei da Ficha Limpa. Já banido das urnas até 2030, o capitão iria à cela batendo o mesmo bumbo de perseguido.

Com Lula fora da pista, Bolsonaro surfou o antipetismo para retirar a direita do armário em 2018. Quatro anos de irracionalidade e golpismo produziram a vergonha que colocou a direita civilizada no arco democrático que deu a vitória a Lula em 2022.

A provável asfixia criminal de Bolsonaro não torna a vida do rival mais fácil. Ainda que Bolsonaro e o bolsonarismo virassem pó, o conservadorismo troglodita continuaria retirando seu oxigênio do antipetismo. Ou seja: se quiser um quarto mandato, Lula precisa governar direito e aprender a conversar com a direita racional que lhe deu a vitória em 2022 menos pela preferência do que pela rejeição à alternativa.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

143 comentários

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Sílvio Maurício Silva Mallet

A gestão Bolsonaro foi catastrófica na sua praticamente totalidade, foi o pior presidente da história. Mas, entre seus desatinos, o mais complicado foi sua ação de incentivo à tentativa de golpe. Por ser covarde, não assume suas ações. Como a maioria do povo brasileiro preza e quer a democracia, nossa expectativa é de condenação de Bolsonaro por todos os crimes que cometeu.

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Gladstone Eugênio Ramos

Situação parecida com a de Lula? O colunista agora extrapolou todas os limites do razoável. O que levou Bolsonaro ao poder não foi o antipetismo. Foi simplesmente a prisão absolutamente política e ilegal do Lula, sem provas, com procuradores e juiz parcial, com projeto político, e digo mais, comprados pelos mandatários econômicos do mundo. O outro é ladrão, golpista, tem como ídolo um torturador, agiu contra a saúde pública da população, tem fonte si todos os piores adjetivos que alguém pode ter e o colunista teima em fazer falsas similaridades? Tenha dó, por favor, reflita um pouco sobre o mal que está ajudando a fazer.

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Sergio Antonio Alves de Lima

Já passou da hora de prender esse inelegivel

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