Josias de Souza

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Opinião

Com pai e filhos, clã Bolsonaro gabaritou no escândalo da Abin

Todo escândalo tem um prazo de maturação. No caso da espionagem bolsonarista, havia pus no fim do túnel pelo menos desde 2020. Em março daquele ano, o ex-ministro palaciano Gustavo Bebianno revelou o plano de Carlos Bolsonaro para criar uma Abin paralela. No mês seguinte, o próprio Bolsonaro declarou em reunião ministerial que dispunha de sistema de inteligência "particular". Só agora, com quatro anos de atraso, a Polícia Federal tocou a campainha dos endereços de Carluxo. Bolsonaro ainda aguarda na fila.

Bebianno morreu poucos dias depois de jogar os planos do Zero Dois no ventilador. Depois disso, a engrenagem de informação do Estado foi desvirtuada para perseguir adversários e proteger a família real. Além de bisbilhotar desafetos de Bolsonaro, a Abin foi acionada para socorrer o primogênito Flávio Bolsonaro na encrenca da rachadinha e o novato Jair Renan num caso tráfico de influência.

Avalizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, a presença de Carluxo no rol dos encrencados ganha o noticiário menos de 24 horas depois de Bolsonaro ter declarado numa live que "a tal Abin paralela" é ficção. A manifestação foi ao ar no domingo, a partir de Angra dos Reis, onde Bolsonaro tira férias do ócio na companhia dos filhos Flávio, Eduardo e Carlos. Boa hora para uma reunião familiar na praia.

Ao chegar à família Bolsonaro, a PF injeta lógica na investigação. Na semana passada, foram varejados endereços do deputado Alexandre Ramagem. O material coletado clandestinamente na época em que Ramagem comandava a Abin tinha como destinatários finais Bolsonaro e a Carluxo, gerente da rede de ódio a serviço do pai nas plataformas digitais. Com pai e filhos, o clã Bolsonaro gabaritou no escândalo da Abin.

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