Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Montanha da agressão a Moraes em Roma pariu um grande fiasco

Ao operar para que corresse no Supremo a investigação sobre a agressão que sofreu com sua família no aeroporto de Roma, Alexandre de Moraes usou um canhão para atirar numa formiga. Decorridos sete meses, a Polícia Federal concluiu o inquérito. A montanha deu à luz um grande fiasco.

Apuravam-se os crimes de lesão corporal, injúria e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito. A PF concluiu que as imagens das câmeras mostram que o empresário Roberto Mantovani Filho atingiu o rosto de Alexandre Barci de Moraes, o filho do ministro, e foi empurrado em seguida pelo rapaz.

Para a PF, Mantovani cometeu "injúria real" —quando a ofensa envolve o uso de violência, mas não provoca lesão corporal. Como o crime tem potencial ofensivo mixuruca e foi cometido no exterior, o agressor não foi sequer indiciado.

Concluiu-se também que a ausência de áudio nas filmagens impede a comprovação de outras acusações feitas por Moraes —como a de que a mulher de Mantovani, Andreia Munarão, xingou-o de "bandido, comunista e comprado."

Nas pegadas da divulgação do relatório da PF, o Supremo iniciou a apreciação de dois recursos. A Procuradoria-Geral da República e a defesa da família Mantovani requisitaram cópia do vídeo captado em Roma, uma peça até hoje sonegada à opinião pública.

Questionaram, de resto, a inclusão de Alexandre de Moraes como assistente de acusação no inquérito. O julgamento ocorre em plenário virtual, longe dos refletores da TV Justiça. Dias Toffoli, relator do caso, indeferiu os recursos. Moraes declarou-se impedido de votar.

Caberá à Procuradoria-Geral da República decidir se arquiva o inquérito, como sinaliza a PF. Antes mesmo do desfecho, cristaliza-se a percepção segundo a qual o caso não deveria estar na Suprema Corte.

O empresário agressor e o filho do ministro não dispõem de prerrogativa de foro. Nã exercem mandatos nem funções públicas. Até quem deseja solidarizar-se com Alexandre de Moraes percebe que o exagero, quando é muito, acaba virando uma verdade que perdeu a calma.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes