Josias de Souza

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Opinião

Solução para os problemas de Bolsonaro não está na Paulista

Se o silêncio de Bolsonaro no interrogatório da Polícia Federal serviu para alguma coisa foi para demonstrar que faltam ao investigado honra, álibis e fatos capazes de refutar as provas que os investigadores recolheram contra ele. Supondo-se que Bolsonaro consiga transformar a Avenida Paulista num cercadinho, seus devotos voltarão para casa no final do ato. E não será por isso que a desqualificação virará virtude, a delação de Mauro Cid desaparecerá e as evidências de tentativa de golpe sumirão do inquérito.

Não se trata de questionar a capacidade de Bolsonaro de produzir uma boa foto. Sua capacidade de reunir admiradores perdeu a relevância quando a maioria do eleitorado lhe deu as costas e o TSE lhe concedeu o título de inelegível. Trata-se agora de perceber que, podendo oferecer uma boa defesa à Polícia Federal entre quatro paredes, Bolsonaro estica a corda e estimula a tensão na rua. Vivo, o ex-presidente da Câmara Luiz Eduardo Magalhães diria: "Não tem o menor risco de dar certo."

Bolsonaro já ofereceu raiva e empulhação durante os quatro anos de sua Presidência. No dia 7 de Setembro de 2021, discursou na mesma Avenida Paulista. "Tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos", disse, do alto de um carro de som. "Sai, Alexandre de Moraes, deixa de ser canalha, deixa de oprimir o povo brasileiro." Em 2022, o povo mandou o orador mais cedo para casa. Os inquéritos continuam abertos. Moraes ainda despacha no Supremo. Há duas semanas, determinou a apreensão do passaporte de Bolsonaro.

Bolsonaro disse que jamais saiu das quatro linhas da Constituição. Hoje, sabe-se que esse espaço não era senão um terreno baldio sobre o qual Bolsonaro jogava o seu lixo ideológico. No domingo, se Bolsonaro sair do seu quadrado criminal, pode ser preso.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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