Josias de Souza

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Opinião

Tarcísio quer ensinar na escola civismo que deu no 8 de janeiro

Ao discursar no ato da Avenida Paulista em que Bolsonaro propôs anistia para os golpistas, Tarcísio de Freitas uniu-se a uma boçalidade. Ao enviar para o legislativo estadual projeto de lei que cria o programa de escolas cívico-militares, o governador de São Paulo bate continência para uma temeridade.

Tarcísio disse que deseja implantar pelo menos 100 escolas com viés militar. Avalia que esse tipo de estabelecimento agrega ao ensino "civismo, brasilidade e disciplina". O governador senta praça no bolsonarismo fingindo não notar que esse tipo de pedagogia deu na intentona do 8 de janeiro.

Pela proposta de Tarcísio, policiais militares da reserva que atuarem nas novas escolas receberão adicional de R$ 6.034 —cifra 13% mais alta do que o piso dos professores. Há duas semanas, ao lançar programa de incentivo à alfabetização, Tarcísio disse: "Professor não tem o melhor salário, mas tem muito amor." Um líder sindical não construiria cenário tão propício para uma greve.

As escolas cívico-militares serão tocadas por duas secretarias: a de Educação e a de Segurança Pública. Manda na Educação Renato Feder. Sua iniciativa mais relevante foi desistir da ideia de tirar São Paulo do programa de livros didáticos do MEC. Dá as cartas na Segurança o capitão Guilherme Derrite, ideólogo da estratégia da matança implementada pela PM na Baixada Santista.

Tarcísio ecoa no Palácio dos Bandeirantes os mesmos ruídos que Bolsonaro produzia no Planalto. Demora a perceber que o tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro. O oco resultou na derrota do mito em 2022.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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