Josias de Souza

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Anistia é castelo que Bolsonaro construiu no ar, revela Datafolha

Bolsonaro se esforça para adiar sua insignificância sempre para amanhã. O diabo é que, em relação a certos temas, sua irrelevância chega sempre ontem. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a tese do capitão segundo a qual convém "passar uma borracha no passado" e anistiar aqueles que chamou de "pobres coitados" do 8 de janeiro. O Datafolha revela que a anistia é minoritária até no bolsonarismo, pois 53% dos eleitores de Bolsonaro rejeitam a ideia. No conjunto do eleitorado, a rejeição aumenta dez pontos percentuais: 63%.

Ao lançar a anistia nos ares da Avenida Paulista, em 25 de fevereiro, diante de milhares de devotos, Bolsonaro acomodou-se sutilmente entre os potenciais beneficiários. Entrou na fila no instante em que declarou: "Nós não podemos concordar que um poder tire do palco político quem quer que seja." A provável condenação de Bolsonaro no inquérito sobre a tentativa de golpe deve elevar o seu banimento das urnas de oito anos para três décadas.

Ex-vice de Bolsonaro, o senador Hamilton Mourão protocolou no Senado, no final do ano passado, proposta que concede anistia aos condenados pelo quebra-quebra nos prédios dos Três Poderes. Os presidentes do Senado e da Câmara já não pareciam dispostos a incluir a proposta na pauta. O Datafolha ajuda a consolidar a opção de Rodrigo Pacheco e Arthur Lira pela gaveta.

Ao tramar uma virada de mesa para anular a vitória de Lula, Bolsonaro deu uma de neurótico que constrói castelos no ar. Ao fugir para a Flórida após insuflar o acampamento que desceu do QG do Exército para vandalizar as sedes dos Poderes, ganhou a aparência de psicótico que mora nos castelos que pendura no nada. Ao se equipar para empurrar uma sentença criminal para dentro da biografia de Bolsonaro, o Supremo se coloca na posição do psiquiatra que cobra o aluguel do maluco encastelado na ilusão da anistia.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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