Josias de Souza

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Opinião

Corte no social realça escárnio das verbas dos parlamentares

O governo Lula passou na lâmina mais de R$ 4 bilhões do orçamento federal de 2024. Parte dos cortes afetou investimentos sociais. Deve-se a providência à necessidade de ajustar as despesas às regras do chamado arcabouço fiscal. Foram poupados da lâmina os quase R$ 50 bilhões que deputados e senadores despejarão em seus redutos neste ano de eleições municipais por meio das chamadas emendas parlamentares.

O Ministério da Saúde perdeu R$ 140 milhões. Desse total, R$ 107 milhões destinavam-se ao programa Farmácia Popular, que fornece medicamentos com desconto à clientela pobre do SUS. As pastas da Educação e da Ciência de Tecnologia foram privadas de R$ 280 milhões. Parte da verba irrigaria bolsas para estudantes universitários e gastos relacionadas ao ensino básico -incluindo a produção de material didático.

Foram passados no facão também R$ 225 milhões do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. A poda retirou dinheiro do financiamento de comunidades terapêuticas e do programa Criança Feliz, que custeia visitas domiciliares e gestantes. O Programa Bolsa Verde, orçado em R$ 112 milhões, sofreu uma lipoaspiração de 20%, prejudicando a clientela do Bolsa Família que vive em regiões de floresta.

Alega-se que os cortes sociais são inexpressivos. Seja como for, eles realçam o absurdo dos bilhões que irrigam os currais eleitorais dos parlamentares, cenários de desvios que enriquecem a crônica da corrupção no país. Para complicar, a Polícia Federal, incumbida de investigar os escândalos, perdeu R$ 122 milhões do seu orçamento. Quando se recorda que o Congresso destinou algo como R$ 5 bilhões para o financiamento das eleições municipais de 2024, o absurdo ganha contornos de escárnio.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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