Josias de Souza

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Opinião

Falta coragem a Lira para atacar Lula, o dono do cargo de Padilha

Arthur Lira mantém Alexandre Padilha na alça de mira desde o ano passado. Nos penúltimos disparos, classificou-o de "desafeto pessoal" e chamou-o de "incompetente". Se a artilharia do imperador da Câmara contra o articulador político do Planalto serve para alguma coisa é para reforçar a convicção, já tão disseminada, de que a política é o território da farsa.

Em vez de atirar no dono da articulação, Lira criva de balas o articulador. Irritou-se por ter sido associado à malsucedida articulação para abrir a cela do deputado Chiquinho Brazão, suspeito de encomendar a morte de Marielle Franco. Atribuiu a notícia à maledicência de Padilha.

O articulador das vontades de Lula não se deu por achado. Levou às redes sociais um vídeo gravado 24 horas antes, em solenidade no Planalto. Na peça, Lula diz que Padilha ocupa "o cargo mais espinhoso da Esplanada". Realça que "está durando" na cadeira. E prevê que vai "bater recorde" de permanência graças à "competência".

Padilha anotou no rodapé do vídeo: "Ter ouvido isso, publicamente, do maior líder político da história do Brasil é sempre uma honra..." Foi como se dissesse a Lira, com outras palavras, mais ou menos o seguinte: "Vamos lá, companheiro. Ajuste a sua mira. Aponte mais para cima."

Arthur Lira revela-se o tipo mais perigoso de atirador, aquele que erra o alvo de propósito. Na política, a coragem às vezes é uma qualidade fugidia, muito parecida com o oportunismo.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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