SP torna a inteligência artificial um convite à ignorância natural
A ânsia da Secretaria de Educação de São Paulo de conduzir os 3,5 milhões de alunos da rede estadual de ensino à era da modernidade produziu mais um anúncio inusitado. Sob o comando do empresário Renato Feder, a repartição informou que passará a utilizar uma ferramenta tecnológica, o ChatGPT, para produzir aulas digitais. Documento oficial informou aos professores, antes responsáveis pela formulação do conteúdo, que passarão apenas a "avaliar" as aulas geradas pela inteligência artificial.
Receoso da má repercussão da novidade, o governador Tarcísio de Freitas apressou-se em declarar que não se pode "deixar de usar a tecnologia por preconceito". Hummmmmm.... Afirmou que a coisa será usada "com parcimônia, com todas as reservas necessárias". Disse que "nada vai substituir o papel do professor, até porque a responsabilidade dentro da sala de aula é do professor".
O histórico da administração de Feder aconselha a plateia a tomar as declarações de Tarcísio com a "parcimônia" e "todas as reservas necessárias." Em agosto do ano passado, a Secretaria de Educação paulista anunciara que abriria mão dos livros didáticos distribuídos pelo Ministério da Educação. O secretário considerou-os "rasos e superficiais". Feder absteve-se de informar em que avaliação técnica escorou sua avaliação. Limitou-se a dizer que os livros impressos seriam substituídos por slides de produção própria.
A realidade prevaleceu sobre a fantasia, pois dezenas de milhares de alunos não dispõem de equipamentos eletrônicos para acessar o conteúdo eletrônico. A maioria da escolas da rede pública tampouco possui equipamentos para imprimir as apostilas. Uma notícia veiculada pelo UOL produziu o inevitável recuo. Descobriu-se que os slides da secretaria de Feder, além de "rasos e superficiais", continham erros crassos. Em vez de educar, desinformavam.
Anotavam, por exemplo, que foi Pedro 2º e não a princesa Isabel quem assinou a Lei Áurea. Propalavam que, "em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo", Jânio Quadros assinou "um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade". Nessa época, Jânio era presidente da República. Jamais vetou o vestuário de duas peças nas praias paulistanas. Nem poderia, pois elas não existem.
Contra esse histórico marcado pela desinteligência, a adoção da inteligência artificial como ferramenta para a produção de material didático digital para os alunos de São Paulo pode ser apenas mais um convite para o exercício da ignorância natural.
9 comentários
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Roberto Monteiro Alves
Perguntinha básica: porque esse Feder ainda está lá mesmo depois de todo esse fiasco? Se permaneceu lá, é porque há interesses escusos na permanência deste senhor no cargo. Numa administração séria, o responsável por uma sequência de erros crassos como os cometidos por ele - e não foram só em São Paulo, esse cara já tem história - já teria sido exonerado faz tempo.
Nivaldo Silva Braz
Nossas crianças pagarão pelo erro dos pais que votaram e ekegeram esse estrangeiro sem noção! Um absurdo!
Carlos Alberto Bispo dos Santos
Esse governador quer vender tudo sabesp estrada acho q foi ele quem foi vender as joias da micheque e d bozo.