Lula percebe na aurora do 2º ano a falta que faz uma frente ampla
Entre vivos, muito vivos e vivíssimos, salvaram-se todos no penúltimo embate entre Arthur Lira e Lula. Morreu apenas a transparência.
Celebrou-se o enésimo armistício. Isso tem preço. Mas Lula, após encontrar-se com Lira na noite de domingo, cuidou de esconder o código de barras:
"Foi uma conversa entre dois seres humanos. [...] Não sou obrigado a falar sobre a conversa que tive com Lira", disse Lula em café com jornalistas.
Quem desperdiçou tempo com o debate político nas últimas duas semanas teve a sensação de que há uma crise na articulação política do Planalto.
O problema é tão falso quanto o lero-lero de que um bom articulador desarmaria as bombas e faria deslanchar a agenda econômica do governo no Legislativo.
Lula 3 convive com um Congresso inédito. A oposição não tem adversários, mas inimigos escrachados. Adversários são os membros do consórcio governista.
Por exemplo: O PP, partido de Lira, flerta com Tarcísio de Freitas para 2026 enquanto usufrui, sob Lula, do controle da Caixa Econômica, de dois ministérios e de pedaços do orçamento federal.
Antes de encaminhar uma solução para qualquer problema é preciso enxergá-lo. A crise que conturba Brasília é a falência do velho modelo de coalizão.
No Congresso atual, ninguém representa ninguém. Cada parlamentar é operador de si mesmo.
Não há articulador capaz de domar uma tribo que evoluiu do mensalão e do petrolão para o maravilhoso mundo das emendas opacas e impositivas.
Na campanha, Lula prometeu que colocaria a tropa do orçamento secreto para marchar em cadência republicana. Seria difícil. Mas ele nem tentou.
Nesse contexto, a suposição de que Lula governaria com o apoio de uma frente ampla revelou-se falsa. Essa frente se formou ao seu redor em 2022 porque não havia alternativa disponível para proteger a democracia.
Caberia a Lula zelar para que a frente eleitoral sobrevivesse e se consolidasse durante o governo. Faltou interesse.
Sobraram os acertos com Lira e Cia.. Vivo, Darwin diria que a articulação política do Planalto é uma evidência de que os "seres humanos" da política brasileira não só pararam de evoluir como já fazem o caminho de volta.
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