Conjuntura recomenda ao gênio de Moraes que retorne à garrafa
O 8 de janeiro e os dias que antecederam o quebra-quebra confirmaram que a direita retirada por Bolsonaro do armário tinha características inéditas. Arcaica nos modos, essa direita revelou-se violenta nos métodos. Um pedaço dela colocou-se à disposição para encher acampamentos e cometer delinquências.
A atmosfera de anormalidade contribuiu para uma certa normalização de procedimentos que ajudaram a retirar o gênio de Alexandre de Moraes da garrafa ao longo da corrida presidencial de 2022. À medida que os riscos à democracia se dissipam, certas excepcionalidades já não são vistas como coisas excepcionais.
Mesmo no Supremo Tribunal Federal cresce, nos bastidores, a percepção segundo a qual a instrumentalização do direito em busca de resultados efetivos, prática associada a Moraes, é uma exceção que precisa parar em algum momento. Sob pena de virar regra, transformando as críticas ao xerife-geral da República num processo de questionamento do próprio Supremo.
Tirar gênios da garrafa é mais fácil do que convencê-los a entrar de volta. Mas o próprio Moraes sinaliza a inenção de refinar procedimentos, selecionar brigas e encaminhar processos para a fase de encerramento.
Moraes absteve-se de impor sanções cautelares a Bolsonaro pelos dois pernoites na embaixada da Hungria. Dias antes, avalizou decisão do procurador-geral Paulo Gonet que, em vez de denunciar Bolsonaro no caso da falsificação de cartõers de vacina, pediu diligencias complementares à Polícia Federal.
Nos dois casos, Moraes se portou como uma espécie de ex-Xandão. Resguarda-se para o julgamento que grudará sentenças condenatórias nas biografias de Bolsonaro e dos integrantes do alto-comando do golpe. Parece se dar conta de que também está sujeito à condição humana.
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