Excursão da PF pelos porões da Abin interessa a eleitores do Rio
A movimentação da Polícia Federal submete a um teste de resistência a liderança pessoal de Bolsonaro nas eleições municipais. Candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro, o deputado Alexandre Ramagem marcou para a próxima quinta-feira o início de um tour de três dias pela cidade ao lado do seu padrinho político. Com uma semana de antecedência, a PF realiza nova incursão pelos subterrâneos da Abin, comandada por Ramagem na gestão Bolsonaro.
Afora as batidas de busca e apreensão, os rapazes da PF foram às ruas para cumprir cinco mandados de prisão por monitoramento ilegal. Vasculham-se as conexões da Abin paralela de Bolsonaro com o gabinete do ódio, que difundia a partir do Planalto notícias falsas e ataques a instituições e personagens que o capitão considerava como inimigos políticos.
A espionagem bolsonarista colocou as mangas de fora em 2020. Em março daquele ano, o ministro palaciano Gustavo Bebianno revelou o plano de Carlos Bolsonaro de criar uma Abin paralela. No mês seguinte, o próprio Bolsonaro declarou em reunião ministerial filmada que dispunha de sistema de inteligência "particular".
Realizada com quatro anos de atraso, a investigação da PF adiciona um escândalo de espionagem à ficha corrida de Bolsonaro. Um prontuário já ornamentado com indiciamentos por falsificação de cartões de vacina e roubo de joias do acervo presidencial. Tudo isso e mais o indiciamento iminente por tentativa de golpe.
A excursão da PF pelos porões da Abin interessa —ou deveria interessar— aos eleitores da cidade do Rio de Janeiro. Alexandre Ramagem não está bem-posto. Segundo o Datafolha, dispõe de 7% das intenções de voto. Está num terceiro lugar, bem distante dos 53% atribuídos a Eduardo Paes, candidato favorito à reeleição. Mas a pretensão de converter a liderança pessoal de Bolsonaro em mola propulsora de uma candidatura precária como que convida o eleitorado carioca observar a exposição negativa padrinho.
Deixe seu comentário