PT cospe no prato em que Lula comeu ao adular Nicolás Maduro
Noutros tempos, o apoio do Partido dos Trabalhadores a Nicolás Maduro era apenas vexaminoso. Depois do 8 de janeiro, tornou-se um ultraje. Num instante em que as principais democracias do mundo questionam a lisura da eleição presidencial na Venezuela, o PT chamou Maduro de "presidente reeleito" em nota oficial.
Numa hora em até o Itamaraty condiciona o reconhecimento do resultado à divulgação dos 60% de boletins de urna que desapareceram, o partido de Lula qualificou o processo eleitoral da Venezuela como " uma jornada pacífica, democrática e soberana".
O que há Venezuela é uma ditadura. A fraude executada no domingo, ápice de um processo de violações antidemocráticas, ganhou a sólida aparência de um autogolpe. Maduro como que pendurou no pescoço um crachá de ditador. As orelhas, os dentes e o focinho são de lobo. Mas o PT age se como se estivesse diante de uma vovozinha disfarçada.
Para derrotar o golpismo de Bolsonaro, Lula abraçou Geraldo Alckmin e costurou sua frente ampla. Muitos votaram para evitar o mal maior. O petismo agora se empenha para provar que um mal menor não é necessariamente um bem.
Ao celebrar Maduro, o PT cospe no prato em que Lula comeu graças ao trabalho da imprensa livre, à independência da Justiça Eleitoral, à pluralidade política e, sobretudo, ao respeito à vontade da maioria do eleitorado. Ou seja: tudo o que o ditador sonega aos venezuelanos.
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